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sábado, janeiro 14, 2006

 

...condicional...


condicional…

se eu pensasse
que a terra estava cheia,
que o ar estava abusado,
que a água já não é fresca
correria…para outro lado…

se eu tomasse
como meu o que não é
o levasse a passear até,
e me olhassem desconfiados
nunca iria de barco mas a pé

se eu ouvisse
a trovoada surda
o relâmpago inundado
e o raio quebrado
hesitaria em escolher o lado

se eu visse
quem me vê com agrado
que de mim está perto
com coração tocado
andaria feliz, levantado

se…se…se…
daria prazer à natureza
deitando-me nela,
e…apesar da dureza,
lhe acharia enorme macieza!

Bedina

 

...comunicação e harmonia...


o gesto mais lento
mais harmonioso
mais belo e descrito
duma mão
como extensão
dum braço
ondulante, comprido,
qual pescoço
de cisne corrompido
pelo amor
que lhe é infligido
suavidade em flor
pétalas abrindo
e a rosa de inteira
se vai partindo…
e o gesto prolonga
e entende
mostra-se completo
quase sempre,
e vai de harmonia
em harmonia
enchendo o olhar
de quem sente
com a sua beleza
suave e um pouco tardia,
mas presente
como raios de pôr do sol
em fim de um longo dia…

Bedina
Janeiro de 2006

 

...satisfacção...caminho cumprido...



partida…chegada

não olhar para trás
não rever o que passou
condições necessárias
a uma partida em paz…
em prática pôr
projectos e sonhos claros
peregrino ser, sem dor
com objectivos gizados
linha a seguir com rigor

obter alegremente
a chegada…seja ela qual for!

mais torta ou mais difícil
direita, sem alteração,
uma ideia…não fixa
que conduz à ambição
duma vida que assim
se realiza em mim…
na prática a projecção
de tempos e tempos sem fim
a exigir a elevação
dos projectos inventados
mas não concretizados!

virá o dia…bem espero,
num momento…e
por acidente não provocado
todo o esforço seja aplicado
sem hora nem minuto marcado
mas ansiosamente aguardado
onde verei essa claridade
feita de actos de humildade
o ocaso duma vida…
de tudo tão preenchida!

Bedina

Janeiro de 2006


segunda-feira, janeiro 09, 2006

 

...comunicar...


falar sem palavras…

falar não por palavras
falam os olhos:
variante infinita…
não para o concreto
mas para o sentimento
o melhor e o pior
pelo olhar no momento
vejo o que não se ousa
nem pensar…
nem pronunciar…

a palavra compromete
a acção nunca se repete
é sempre diferente
seja no baixar das pestanas
ou no subir em alvo
de íris multicolores,
seja junto a um suspiro
ou a um riso contido
olhar de frente sincero
ou semi-fechá-los sorrindo!

olhar franco…
olhar desviante…
olhar puro…
olhar lancinante…
olhar não vendo…
olhar curioso
olhar prodigioso
olhar envergonhado
olhar encantado
olhar para todo o lado!

belos ou não…
os olhos são como são
ferramentas úteis
da melhor comunicação
é difícil com eles mentir
ou não mostrar o trair
os mais belos e puros são
aqueles que lançam ternura
suficiente, capaz de aquecer
coração de gente e o prender!

olhos que são mãos
que são a melhor,
a mais bela ou a mais cruel,
forma de atracção…
e poucos dão por eles,
para isso acontecer
só com muita observação,
o outro terá de ser importante
o nosso coração terá
de estar expectante!

aí…talvez então
se consiga perceber
o quanto vale
esta comunicação
de ser para ser!
olhar…tocar…e ver!

Bedina

 

...pudera eu...se...


fizera eu a devida distancia…
tomara eu o devido norte
tivera eu alguma sorte
que o caminho saberia seguir
sem ter nada que pedir
apenas comigo e só
numa dualidade uníssuna
sem ter de comer o pó
deixado na estrada
por outro alguém…
assim me fiquei…
mais ou menos desasada, sei,
mais acompanhada
sentida, mas por ninguém!
pudera eu trocar o rumo…
enxergar para além deste fumo!

Bedina
2004
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