Pontuações diversas

é tudo imaginação…

sociedade invertida
os valores riscados
de preferência
nem mencionados
corrupção generalizada
nada se poupa
nem velhos nem novos
abusa-se dos fracos
impõem-se leis
fazendo-as retroactivas
retiram-se direitos adquiridos
a justiça tem duas medidas
ganha-se e perde-se
nos julgamentos por uma vírgula
o discurso político é mentiroso
o partidarismo é abjecto
escalpelizam-se os trabalhadores
atribuem-se-lhe as culpas
da gestão imbecil
atiram-se milhões para a miséria
sem qualquer recurso
de sobrevivência
a moral já era…
as religiões cedem
ao imperador “vil metal”
que cria guerras brutais
desenvolve assim o seu material
a Terra virou um “cantinho”…

nada a fazer de mansinho
apenas uma brutal e real
revolução mudaria qualquer coisa
mas elas vão-se fazendo
sem qualquer concordância
o povo está amansado
a dormir julgando-se acordado…

e…não se passa nada!
é tudo fruto da imaginação
excessiva de quem sente
e se aterra perante esta dimensão
sem ter à vista qualquer solução…

Bedina

Abril de 2006

por definir…

que nome lhe darei?
já não é jovem
na sua maturidade
vejo acetinada a pele
sensações ao rubro…
belo? sim, mas muito
subjectivo o conceito
que lhe aplico…
feições brilhantes
de entusiasmo e hormonas
olhos meigos,
gesto parco, muito cuidado
a naturalidade, o à vontade
com que se mexe, com que sorri
de como se põe de lado…
muitos anos sem idade
dum ser a transparecer
por todos os poros
como se jovem pudesse ser
sem ridículo, aprazível
deleite do olhar que sobre ele pousa…
sabe que está a agradar
faz disso serenidade…
ganha em espontaneidade
atento ao adereço que vê
nem muito, nem pouco, q.b.
os tons de que se veste
são claros, amenos, suaves,
capazes de ajudar à sedução
mas não fundamentais
são condimentos muito,
muito circunstanciais,
toda a sua alma transparece
se faz ver e transmite
o que acabo de descrever…
qual o nome não sei…
será é sinónimo de corpo
e de alma de mulher!

Bedina
2005

sou terra…

entremeada
colorida
semeada
colhida
entretida a
abrigar o grão
embrulhá-lo
devolvê-lo
o sol que
faça o seu dever
o fazer crescer
a humidade que trago
envolve a raiz
da pequena erva
e da futura semente
devolvida
mais tarde a
muita gente…
fica ela a erva
essa é fiel
não passa sem mim
prende-se assim
à fonte de vida
então eu torno-me
muito feliz
enquanto ela não seca
e eu, a sua fonte,
tiver alguma reserva,
seremos um dueto
sem melodia
mais cheio de acerto…

Bedina
Março de 2006

alegria encapotada…

chega em revoadas
as energias avivadas
redobradas e cintilantes
prontas para o gesto
adequado ao instante…
mas…as leis, as sociais,
nem sempre servem o bem,
levam-nos a refrear
o que nos apetecia largar
a rodos pelos poros
até outros contagiar,
revertendo a nosso favor…
elevo-me da minha grei e
em voo de açor planaria
sobre a da vida…pradaria
lançando do ar a verdadeira
e sumptuosa alegria…

oh! não tivesse eu de travar,
de cortar esta ambição,
de disfarçar, inibindo
o enorme sorriso do meu coração!

Bedina
Março de 2006

Saudade

Eu já tenho saudade
Dos bocados bem passados
Apregoando a verdade
Duma forma revoltado….
Eu já tenho saudade
Dos momentos de ternura
Misturava-se a maldade
Com momentos de candura
Eu já tenho saudade
Do madrugar,
Da aurora
E venho aqui mendigar,
Mendigar….
Outrora

24/Mar/06
leandro

paralisada…

perante a imensidão da água
ante o deslumbramento
de luzes reproduzidas em espelho
que variam os tons consoante a hora
do fim dum dia tranquilo sem vento,
me quedo bloqueada…
quase que tenho de pedir aos deuses
forças que me quebrem o feitiço
me desencantem me façam aban

ar
o interior que ficou de tão pasmado
quase que a baloiçar
barreira ínfima essa do entre mundos!
receio muito transpor essa realidade
mas a atracão é forte e feita de nada
não aceita hesitações provoca antes
as mais estranhas sensações
um bem-estar inigualável…
não fugir, deixar-se ir…sorrindo afável!
guardar no coração a memória
de tal prazer é condição
para de novo poder viver essa glória!

Bedina

Fevereiro de 2006

se o céu existe…

como eu acredito...
então a terra só pode
ser uma passagem,
em que eu medito,
um caminho com
maior ou menor aragem,
fôlego ingerido
por todos os poros
forças sérias em acção
pensar duas vezes
antes de pisar
qualquer chão
com suficiente humildade
reconhecer o falhar,
redobrar de vontade,
de cada vez se sair melhor
daquele passo que nos é pedido
e nem sempre é dado…
olhando em frente
com coração ao alto
pé ante pé, subindo e descendo
a escada desta vida
com a bandeira da alegria
chegaremos lá…
onde tudo se transforma
onde nos encontraremos
todos juntos um dia…
entretanto há cânticos
lindos de louvor que a ser entoados
minimizam o sofrimento
deste lado…fazem eco na alma
dando-nos o brilho da pureza
em vez da amargura da tristeza!

façamos de qualquer gesto santificação
oremos a Ele, meus irmãos, todos juntos,
com toda a fé da razão e do sentir
numa simples e permanente oração!

“onde estiverem mais de dois em meu nome
estarei entre eles”

executemos a promessa, ganhemos a bênção,
ajudemos, amparemos, quem não usa a nossa razão!
levemo-los conosco, cá dentro, eles perceberão!
e um dia, quem sabe, a nossa fé sentirão!

AMEN

Bedina
Março de 2006

seguindo…

é melhor nem parar
não pensar e seguir
o instinto, a intuição
que te conduzirá
ou esperas que te
surja alguma inspiração?
não contes, a natureza
não se compadece
apenas nos envolve e
sem darmos por isso
acontece…
era o que esperavas?
pouco mais ou menos…
ela não se engana
conduz à realidade
por vezes tão crua
e sem subterfúgios,
vem a verdade bem nua…

Bedina
Março de 2006