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quinta-feira, fevereiro 02, 2006

 

...olhar...simplesmente!...

melancolia…

da janela do meu retiro
vejo a paz que reina
fruto duma realidade
e dum mito mais tranquilos
do que a verdade…
apraz-me ter tal vista

descansa o olhar,
este gosta de pairar…
faz o coração a palpitar,
a mente organiza-se
e apazigua-se o que sobrar!
gosto…admiro-me a cada dia
da nova paisagem
que não muda, diria,
mas que é diferente consoante
cada olhar furtivo ou de frente,
embrenho-me em mim própria
engulo cada minuto
sabendo como é diminuto
o incentivo que dela vem…
mais é necessário…mais,
vejo nascer inspiração debaixo
dessa capa bucólica,
e então saem em cachos
as palavras guardadas
para serem pronta
e adequadamente usadas!
sentir lavado, muito repousado
quase em branco diria
vão frutificar em poema
tão mais belo quanto não se trata
de noite mas sim e apenas do dia!

Bedina

Janeiro de 2006

terça-feira, janeiro 31, 2006

 

...não parem o SONHO!...

sonho parado…

quando o homem deixa de sonhar
parece que se arrancam porções
de carne viva e se põem a torrar
não venha ele a ter tentações

sonhem, sonhem…é vida, é louvor,

quando um homem sonha, a vida
enche-se-lhe de cor, de amor,
mesmo que nem lhe saiba a medida…

se o sonho nos traz a coragem
como fará todo aquele que a não tem?
passará ele ao lado da vida?

ou achará que tudo o que já viu
lhe basta e se contenta
com o pouco ou nada que sentiu?

Bedina

Setembro de 2005
 
o sétimo dia…

descansou, dizem,
cansei-me eu…
um após outro
os dias são curtos
as tarefas imensas
as vontades extensas,
o prazer…pode esperar,
obrigações, essas,
há que as trabalhar,
não embeber demais
o espírito
preocupado…mas e
distraído…
voltado para outros
mares revoltos
cheios de energia
que não amansam,
por muito que
pela calma bramemos,
a quietude
faz-se cara, não
obedece a vontades
nem a extremos…
por merecê-la
todos estamos…mas
sempre os mesmos!

Bedina

Setembro de 2005
 

...fecho o dia!...


tarde escura…(do Outono)

agradeço à noite e
despeço-me do dia
mais cedo…

as estrelas chamam-me
não lhes fujo
mas…delas
às vezes tenho medo…
sabem muito,
demais talvez…
atraem-me…
tento tocar-lhes,
pergunto coisas
recebo silêncios
cheios de respostas,
às vezes não queria
mas…como recusar
o que tem sabedoria,
de mim ignorada?

(do homem não aprendida
apenas sonhada…
pressentida, talvez,
mas nunca interiorizada)
ó receio do que não conheces!
do poder da mente
de que nada sabes!

noite de tarde…
que tudo e que nada!
pacíficas metades
percebidas pingando,
será que sabes
o quanto acendes
e afagas?
acho que sim…
na tua dimensão
de escuro-luz
sinto compreensão
vejo-te em mim!


Bedina
Novembro de 2005

domingo, janeiro 29, 2006

 

concepção…

num acto generoso
da natureza mãe
houve fecundação
entre dois seres vivos
de uma qualquer espécie
neste mundo cão…
novo ser se prepara
para aparecer
com o coração em branco
pode dizer-se “puro”…
pede para o proteger…
dos dois progenitores
nada se sabe
apenas que houve
um momento, já tarde…
em que se consumou essa união
arrependidos?
julgo que não...
não fazem a mais pequena
ideia do que fizeram
nem da responsabilidade
afinal, de que são autores…
sejam libélulas ou doutores!
o que, entretanto, viu

a luz do dia a ninguém diria
o porquê de tal razão, a de
existir…assim deixado
ao acaso, ao toque duma mão,
carinhosa, tenha ela asas ou não…
sobreviver irá…
tombo aqui, tombo acolá,
aprenderá a absorver
o que a vida lhe der…
mas nunca afirmará
que mal lhe quer quem o fizer!
a voz do sangue eleva-se
e fará apregoar com clareza
que veio a este mundo: porque quer!


Bedina

Janeiro de 2006


 


entre muitos…entre poucos
os indiferentes somam já
uma enorme maioria…
tanto lhes fez como lhes faz
têm regras de rigidez
e nem sabem porque Deus os fez!

não se importam com nada
não se interrogam
de ignorância sabem
com gente tão desordenada
muitos ainda advogam
que pouco lhes trazem!

bom rebanho de carneiros
seguem para onde os mandam
é tão fácil: fazem por mim!
e mesmo que não seja assim
provocam os que até “andam”
sem sequer serem ordeiros…

sociedade em que abundam
seres de tal natureza
não agrada, não motiva
é tratá-los com dureza…
será que acordam duma vez
e saem desta profunda tristeza?

ou será que dão jeito,
por este ou aquele defeito,
a fazer número na mesa?
ir lá pôr o papelinho, digo eu,
e não percebem o engano
que é o voto para a pobreza!

país da minha desilusão
ou da minha realidade
os poucos que sabem dizem não,
a maioria a favor desta sociedade,
assim é a pátria da aberração
e do explorar à saciedade!


Bedina

Janeiro de 2006


 

...elevo o meu copo...e...BRINDO!...

brindo…

à luz de Inverno
ténue esperança
duma outra

mais viva
mais brilhante
mais caritativa…
à dança do sol
espelhando
por todo o canto
o seu maravilhoso
tom alaranjado…
brindo à saúde
aquela que traz
uma infinita paz…
ao amor…sem idade
sem forma, sem cor
e também sem quantidade…
ao que não se finda
ao que é eterno
não se mancha
não mente,
ele o calor quente
dum frio gelado
que me entrou
de repente
e me deixou petrificado…
brindo assim
aos deuses de cobre,
oiro e marfim…
aos sem corpo
que do espírito
se alimentam
separando o trigo…
abrindo as portas
dum coração sem fim
onde todos cabem
onde não há perigo

onde se albergam os valores
esses sim
jóias preciosas
seres imaculados
que dos outros
tomam as dores
seres acabados
bem sublinhados
anjos protectores!
Bedina






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