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sábado, novembro 19, 2005

 

...o MEDO...o silêncio...


De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smedt)


(......)Em que é que a noção de silêncio pode ter a ver com o medo insidioso?

Tudo.

O silêncio pode esconder o receio, qualquer que ele seja. E, dessimulando-o aos olhos do mundo, ele encobre diversas coisas que têm por nome: fraqueza, apreensão, desvario, terror pânico... Não dizem os ditados que podemos ficar mudos de terror, sem voz, mais mortos que vivos, de respiração cortada?

Também podemos usar o silêncio como uma arma. Defensiva e ofensiva. É simples: primeiro fazendo calar os nossos medos de angústia. A imagem mental que nós temos de uma situação é mais perigosa que a realidade, visto que faz muitas vezes com que percamos o sangue frio para enfrentar uma situação difícil. O verdadeiro problema do medo reside nos seus excessos.

(.....) De qualquer maneira, se tudo correr bem, estando a situação interior e exterior sob controlo, só nos falta avançar para a acção. Propor uma bebida, jogar um bridge, ou póquer ou canasta, ou ua partida de xadrês ou de go, para encontrarmos, sem perigo de maior, o prazer intenso e silencioso do jogo, e a tensão sublime do combate e sairmos empunhando um silêncio portador de uma dignidade magestosa.


O silêncio que se ganha permite compreender, além de tudo o mais, a razão de muitos dos confrontos, porque nos desliga da situação, o que significa precisamente deixarmos de ter laço com a situação, não nos deixarmos envolver por ela.

Maior poder eside no facto de não intervirmos, assim controlando a situação. É outro segredo do BUDO, recurso do guerreiro que conjuga todas as artes marciais japonesas, o de SER VENCEDOR SEM LUTAR.
(......)


(11º trecho)


sexta-feira, novembro 18, 2005

 

...água do silêncio...


sede…

tenho sede…
falta tanta coisa
tenho sede…
saber…quero
ir depressa
não sei esperar…
tenho sede
quero o néctar,
aquele
que me aplaca,
faz pensar,
insaciável
pareço ser,
apesar de muito
beber…
nunca chega
nunca há-de chegar…!

Bedina

 

...movimento...e...silêncio....




movimento…

tão desejado
apreciado…
e encontrado…
nas mais pequenas
frestas
por onde passe
raio de luz
vejo-o ondulante…
na singeleza
duma mão levantando
vejo um percurso…
no balbuciar
da palavra…semi-dita

vejo um convite
no oscilar dos lábios…
no sentar relaxado
numa sala esperando
está disponibilidade…
num sorriso
sinto percorrido
um caminho da alma
à boca trémula…
não tem fim…
nunca está quieto…


Bedina

 

...esperança...e...silêncio...


quem sabe talvez um dia!

ao acordar em vez de bocejar
eu ainda sorria…do resto da noite
em que eu ia…por nuvens acima,
descomprometida, isenta,
ansiando apenas amar…

quem sabe talvez um dia!

e logo abro a janela de par em par
por ela absorver todo o sopro do ar
do dia que calhar, pode ser chuva
não importa, é ela a natureza
e eu serei parte dela…

quem sabe talvez um dia!

o animal da espécie a que pertenço
acordará em mim as sensações,
far-me-á fruir das tentações
deixar-me-á partir…sem olhar
para ver o que deixo, ilusões?

quem sabe talvez um dia!

não, não creio, acredito na vontade
no absurdo, na verdade, no desconhecido
não me amarra qualquer corda…
então é só seguir a energia da natureza
quando ela acorda e quebra o silêncio…

mais , muito mais eu queria
muito mais experimentar me atraia
então…quem sabe…talvez um dia!

Bedina

 

...música...com silêncio...




De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smdt)

(10º trecho)




(....) Raramente um músico fascina as pessoas se não possuir esta espécie de força interior. É portanto isto que constitui o interesse de uma tradição: somos iniciados numa certa forma de espiritualidade pela música. As duas coisas andam juntas.

Por outro lado, a própria forma da música faz com que essa música seja capaz ou não de transmitir um certo poder.


Se alguém trabalha bases musicais que de nenhuma maneira correspondam às leis da natureza, como muitas vezes vemos no Ocidente, hoje em dia, a sua espiritualidade não se pode exprimir tão bem como a de Bach, por exemplo.

É preciso distinguir, de um lado, qualquer coisa a que podemos chamar intenção, ou motivação, e de outro, os meios utilizados.


(.....) Cada cultura tem os seus instrumentos privilegiados. Mas um músico que transporte um poder espiritual, um mestre, pode obter um efeito com praticamente todos os instrumentos. No entanto, os instrumentos privilegiados por cada cultura não o são por acaso.

Outro caso em que o silêncio fabrica e carrega a emissão de sons é o da grande pianista Brigitte Engerer que, entrevistada para um número da revista QUESTIONS dedicada à música e ao espírito, nos diz que no trabalho do intérprete existem três fases:

-A primeira, acontece quando lemos um texto e temos a impressão de ter uma intuição imediata, directa, quando sentimos o que se passa.

- Na segunda fase, o trabalho começa e nós apercebemo-nos de que nada sabemos, de que toda aquela intuição desapareceu. Entramos então numa espécie de nevoeiro.


- Na terceira fase, temos que ultrapassar este sentimento e construir, pouco a pouco, um diálogo lógico. Penso que o intérprete conseguirá comover o público assim que consiga exprimir qualquer coisa de lógico de transparente. A música não é abstracta; ela pode ser tão lógica e tão palpável como um olhar ou o calor ou o frio de uma mão.

(....) a concentração no som, na beleza do som; aprender a escutar-se dominando as emoçoes, com vista a conseguir criar exactamente o som que se deseja. Isto depende de alguns gramas a mais ou menos no toque, da extensão do som do próprio instrumento, etc.,. Conseguir também encontrar a expressão da voz humana, a expressão da natureza humana e que nós tentamos imitar, com poucos resultados, ir tentando construir um ideal da Natureza.

Estas palavras provam a absoluta osmose das diversas formas de silêncio, de música, de audição.


(....) Debussy, ao compôr "Peleias e Melisande", escrevia a seu amigo Ernest Chausson; "Estou a usar uma coisa que me parece bastante rara, que é o silêncio como agente de expressão, e que é talvez a única maneira de fazer valer as frases"

Fazemos silêncio daquilo que somos.




A segunda grita e escapa-se
Da abelha envolvente e da tília vermelha
Ela é um dia de vendaval perpétuo
O dado azul da batalha, a sentinela que sorri
Quando a sua lira profere:"Aquilo que quero será"
É a hora do silâncio
De nos tornarmos a torre
Que o amanhã cobiça.


quinta-feira, novembro 17, 2005

 

...o que escutei...em silêncio....




o meu país está doente

o meu país adoeceu
há muitos anos…
tantos que nem
se contam…
o vírus penetrou
desenvolveu-se,
assim se instalou,
não se criaram
anticorpos…
não convinha…
era um vírus comandado
por enorme poder
organizado…
foi infectando
a sociedade
e comeu
todas as instituições
à saciedade…
(as Lojas, as dela…
foram vacinadas)
hoje e perante
tal impunidade
é difícil…
impossível diria,
voltar à normalidade!
o meu país está doente
ferido de morte…
choro a sua sorte!



Bedina








 

...continuando à procura do Silêncio...





...após estes dias de poesia tão
cheia de silêncio...

...medito e reflicto no meu interior
o que as tuas palavras não contam...

...o eco dos teus silêncios tão bem
aplicados a cada um dos sentidos...

...faz-me recolher...e ler para dentro
à luz da chama dourada!


Bedina

quarta-feira, novembro 16, 2005

 

...ainda o poeta AMIGO...

...mais um pouco de ti, AMIGO!



DIA DE CARNAVAL


Ri, homem! Ri! Sê palhaço,
que é tempo de Carnaval,
tempo de dança e folguedo!
Esquece hoje a dança da morte
e os folguedos da fome
e a palhaçada da vida
e o riso alarve das horas,
ao longo de todo o ano!

O riso une! Ri, pois,
se és caipira da favela,
que o teu senhor ri contigo!...
Não importa se traz máscara:
com esta que lhe vês posta,
com a que nunca tirou,
o seu riso é quase teu
(só o salário é maior...)
e de ti não rirá, hoje.
Ri mais do que ele, se podes,
que o riso não paga imposto!...

E dança num frenesim!
Imita os gestos perdidos
do que agita, a encher de espuma,
garrafa quase vazia!...
Vazios são os teus di
as;
e a espuma que faz teu ritmo
torna o de hoje quase cheio!...
Dança, pois! Grita e esbraceja,
enquanto é Carnaval!
Porque amanhã o teu grito
pode ser de sofrimento...
Amanhã, teu esbracejar
pode ser de dementado...
Porque amanhã tua dança
Pode ser a de enforcado!...



RUI MARTINS DOS SANTOS

segunda-feira, novembro 14, 2005

 

...o Poeta...o AMIGO...




...um pouco mais de ti, Rui...


PENSAMENTO

("Para voares à velocidade do pensamento para onde quer que seja, deves começas por saber que lá chegaste..."
R.BACH, Fernão Capelo Gaivota)

Quem poderá tolher teu voo em liberdade
Se antes de partir sabes que já chegaste?
Se estás aqui e ali, sem tempo nem idade,
Se és pensamento - ponta de asa a que o desgaste


Não impõe nenhum limite à velocidade?
Se o corpo morto em que um dia te albergaste
E que és tu próprio, em sua mocidade,
Deixou de travar-te, se rocha atravessaste?...


Quem poderá esconder-te toda a imensidão
Que ao subires tão alto a teus pés se estende
Se és tu mesmo a clara luz desta visão?


Se sabes soltar-te da escarpa que te prende,
Elevar-te sempre, mais leve que balão,
Até aos espaços de quem tudo vê e entende?...


RUI MARTINS DOS SANTOS

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