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sexta-feira, dezembro 02, 2005

 

coisa estranha…

no ar anda qualquer coisa,
tanto de indefinido…
como eu de pressentimento,
acesas estão as antenas
do perigo
decorre o tempo em unidades
mínimas, mas longas,
e eu sempre esperando
perceber que se está passando
comigo
de repente quebra-se o ar
abrem-se as folhas de par em par
vislumbro o interior e encontro
uma pétala de “beira-mar”
com sentido…
abrem-se-me os lábios
em rasgado sorriso…
tranquila de bem-estar plena
afinal o sinal nem sequer era
aborrecido
falta de coragem?
não creio, mais depressa temor,
de tão pouco habituada ao bom
já nem penso que existe amor
não sofrido
serenei…relaxei…aquietei-me,
e então aconteceu o que já
há muito eu não tinha, e
estava esquecido…amei-me
em colorido!

Bedina
1/12/05


 

...SILÊNCIO e MEDITAÇÃO....

De “O Elogio do Silêncio”
(de Marc de Smedt)


A CALMA MEDITATIVA

“O método da purificação do espírito
Consiste nisto:
Primeiro, concentrar-se.
Não escutar pelo ouvido, mas pelo espírito.
O ouvido escuta, o espírito representa,
Mas apenas a respiração se adapta a todas as situações
Porque ela é vento vazio.
E o Tão apoia-se no vazio,
O vazio purifica o espírito.
No vazio do espírito penetra a luz
Como a paisagem penetra pela janela de um quarto vazio.”

TCHOUANG TSEU


O espírito do Budismo zen e o do silêncio também eles são apenas um.

De facto, o próprio princípio de meditação preconizado pelo Buda se baseia naquilo que este domina de “o silêncio tranquilo e a visão interior”.

O que é que oferece “a tranquilidade silenciosa desenvolvida no ser? Permite que a consciência se desenvolva. E qual é a vantagem de uma consciência desenvolvida? Os múltiplos desejos são remetidos à sua verdadeira importância, e podem ser abandonados. E qual é a vantagem de uma interioridade desenvolvida? Ela permite que a sabedoria se eleve, sabedoria que leva a que cortemos os entraves da
ignorância…”
Era assim que Buda falava há dois mil e quinhentos anos atrás aos seus discípulos, fundando assim uma verdadeira ciência da introspecção, que o Ocidente só agora vai descobrindo.

(….) O Budismo, particularmente o ramo Zen, no Japão, Ch’na na China, deixou-nos uma verdadeira técnica de auto-análise, aplicável sem abandonar ou prejulgar qualquer crença religiosa ou filosófica; trata-se simplesmente de aplicar uma postura física que faz trabalhar os três eixos fundamentais do nosso funcionamento: o fluxo da respiração, que deve ser longo, lento, abdominal; a postura da coluna vertebral, esse eixo onde se aloja a nossa medula espinal e os sistemas nervoso e ortossimpático; e por fim, o nosso computador central, o cérebro, estando estes três elementos intrinsecamente ligados.

Esta postura, chamada zazen, o zen sentado, e a que eu chamo familiarmente de zaz, mostra-se radicalmente moderna: alia a meditação profunda a uma prática física intensa, ainda que imóvel, uma pausa tranquila no tumulto quotidiano.


É preciso, pois ficar sentado, as pernas cruzadas, as costas direitas, a atenção centrada na expiração poderosa; os olhos meio fechados, a consciência caminhando “do pensamento para o não-pensamento”, no fio de todas as imagens que passam e repassam no espelho do nosso espírito, numa auto-visão onde o ser se revela, sem máscara possível, visto que a única testemunha é ele próprio.


(12º trecho)

quinta-feira, dezembro 01, 2005

 

...queimar tempo...

convívio de circunstância…

cheguei e não queria acreditar…
todos meios calados formando roda
“amigos” de longa data e sem falar…
mais parecendo manequins de moda…

o grito que se ouviu, não foi o da moda,
não, fui eu que o dei e era de alegria
por não suportar tamanho retraimento
então, como na máscara, a boca ria…

sem conteúdo nenhum, a não ser saber
dizer e fazer o que se espera em “sociedade”,
quando a vivência é calcada e fria…

a animação era superficial…era nada…
e apesar da muita volta que o mundo dá…
é vida fútil, inútil…mas estruturada!


Bedina

Novembro de 2005












terça-feira, novembro 29, 2005

 


Pensamentos são riqueza

Que ninguém pode roubar

Guardada na fortaleza

Que constitui o pensar .

________________________



Quando vesti de alegria,
impulsiva, da natureza…
nem deu tempo…e afinal…
pensamentos são riqueza!

Tivera eu um instante
p’ra meu sentir albergar,
num sentimento tão meu…
que ninguém pode roubar.

alma minha é sincera,
é secreta, tem grandeza,
é também o meu tesouro…
guardada na fortaleza.

estouvada, vou lá buscá-la
mas coisa sempre no ar…
no entanto sei o valor
que constitui o pensar.

Maria da Luz Cabral



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