sábado, maio 06, 2006
...fantasia e sonho.....
a fantasia...e sua morte!
...os contos de fadas e bruxas sempre nos revelaram, nos convenceram, que as princesas e rainhas eram boas, bonitas, inteligentes...enfim “completas” à luz dos valores que desde há séculos a cultura ocidental se alimenta...seriam sempre assim, como me contaram a mim, ou entăo algum pecado cometido os remetia, até estar arrependido, para o mais nojentos dos animais (imagens que também nos foram dadas)!...
...os valores năo os discuto, nem me atrevo, também eu os transmiti, mas a realidade, impiedosa, năo deixa...empurra numa queda vertiginosa, para baralhar, ou juntar, valores com os estereótipos da beleza e do bom...e fornecer o produto acabado, limpo e até transformado!!!
...e um dia...por mero acaso, no inicio da compreensăo da vida, aparece-nos a tal princesa...todos acreditam que o seja, é igualzinha, ŕ das histórias, aparenta a virgindade em pessoa, a seduçăo, a beleza interior, prendada em todos campos, compadecida pelos outros, lutadora (aparentemente) de nobres e justas causas...só que nos “entretantos”...tudo o que é falso acaba por se denunciar por si mesmo, e entăo...vamos vendo...vendo...o lado certo, o verdadeiro, năo o que convence o mundo inteiro, mas aquele que realmente é o ser, que tăo belo e bom nos podia parecer...mas que é o contrário, princesa por fora, bruxa por dentro, seduzindo, enganando...até que alguém abra os olhos...em desilusăo se transformando!
...aí há que desfazer a testemunha...e de artes mefistofélicas, percebem elas, as “bruxas belas”...năo conseguido o intuito, vira a estratégia, ataca o inimigo pela via mais fácil, encontrando o ponto fraco , manobrando a seu belo prazer, sempre com o intuito de fazer sofrer, aquele/a que o desmascarar lhe fez, e que por ter presente os contos de fadas da sua infância, nem lhe passa pela cabeça, que personagens tăo lindas năo passem de má rez...
...aprende-se com os erros que fez, (deveria ser assim...), tal ser puro e confiante, mas desmacarar perante quem enfeitiçado ficou, năo só năo consegue, como ainda contra si atiçou, com violęncia, reaçăo do que năo concebe que a fada é bruxa e a bruxa fada, tudo ao contrário, e se acreditar como fica o seu imaginário????...năo, năo se arrisca, prefere desistir, rebater a evidęncia, năo ouvir, caso contrário a morrer poderia vir...morte de ilusőes, de fantasias, quem as quer???
...”moral da história”...a vida a valer, é a realidade năo compadecida...a fantasia, as fadas bonitas, fazem parte enraizada, do comum dos mortais, e ninguém se dispőe a ver apagadas, as ilusőes com as quais constroiem o sonho, defesa bem arquitectada, para ter uma vida mais ou menos regalada, como sempre fora imaginada, em termos sentimentais...os tais!!!
BedinaJaneiro de 2005
...saboreando lentamente...
Quero entrar
Quero olhar
Quero sentar
Quero sentir
Quero apanhar
Quero estar
Quero perguntar
Quero falar
Quero chorar
Quero amar
Quero…quero….
tudo isto muito devagarinho!
Quero entender
Quero saber
Quero aprender
Quero comover
Quero envolver
Quero escolher
Quero ter
Quero rir
Quero ver
Quero fazer
Quero…quero…
tudo isto ser…muito devagarinho!
Posso entrar?
Posso perguntar?
Posso actuar?
Posso chorar?
Posso năo ligar?
Posso alegrar-me?
Posso sorrir?
Posso dar-me?
Posso entregar-me?
Posso ser eu???
Posso…quero…posso…tudo isto saborear,
Cada bocadinho…muito…e…muito devagarinho?
Se tanto me é concedido…entăo sorte,
tenho-a eu, em ter a vida...de mansinho!
Bedina
Março de 2005
sexta-feira, maio 05, 2006
...novas formas de sentir!...
Embora fosse Camőes quem o disse,
Amor é dor que doi e năo se sente,
năo acredito…está invertido,
ou será o novo tempo, aquele diferente,
que por mais que tente,
entender năo consigo?
Amar…é tudo e năo é nada,
Amar trás prazer, dor, sacrificio,
Amar năo é para todos por igual,
Amar é permitido consentido,
Amar pressupőe dois,
Amar seres e năo objectos,
ter esse poder, distinguir,
entre o real e o “a fingir”,
desapego do mundo material,
alapar no coração ideal,
e nunca por nunca, desistir…
antes alimentar,
e fazę-lo engordar!
Bedina
Março de 2005
quinta-feira, maio 04, 2006
...aparências...
erva daninha…
porquê…porquê?
se pergunta revoltada
só porque nasço
onde quero
sou logo maltratada?
será que não sirvo,
bem cortada,
fingir relva bem cuidada?
nem sequer tenho
longa vida
detestam-me
acham que prolifero
e sou o terror de
qualquer naco de terra
ajardinada ou semeada
quando verão que apesar
de ser estouvada
posso ajudar a adensar
a relva já aparada???…
Bedina
quarta-feira, maio 03, 2006
...decisão tomada...
resolver a questão…
não fujas…não embarques,
não desdigas, não negues,
entende o que tens à tua frente
disseca ponto por ponto
um de cada vez é excelente
não te percas, não te baralhes
não queiras tudo
podes ficar sem nada
enfrentar de caras é o conselho
pegar a questão inteira
nada de partida ao meio
depois, depende da tua força
da tua tenacidade
da tua capacidade
duma enorme vontade de mudar
e assim de com tudo saber lidar!
Bedina
Março de 2006
...poder de escolha...
alternativa…
o destino diz…manda
executar ordens e impõe…
é autoritário, é ditador…
procuro alternativas
quero tomar a vida
na minha mão
poder decidir
e no momento da decisão
escolher o que a razão
afecta às emoções
trazem como soluções…
ser capaz de errar
mas antes andar
com acerto e erro
do que ser comandada
por de quem não conheço
sequer a intenção…
do destino fujo
o traçado espiritual
é o meu refúgio…
poderei ter como seguro
o objectivo duma passagem
por este mundo…
amando sem parar
caindo e voltando a levantar
sabendo que no fim
nada se acaba e tudo
está ainda por começar!
Bedina
segunda-feira, maio 01, 2006
...trabalho forçado...antes de Maio!!!.....
era proibido,
proibiam a dignidade,
simples animais irracionais… indigno,
pura verdade,
força bruta, sem paga alguma,
de pouco… que era,
naquele tempo passado,
naquela era,
já ultrapassado,
fazendo fortuna,
para o dono, para o patrão,
Senhor superior, distante,
aberração,
gentes que não eram gentes…
aviltante,
tão longe, tão perto,
no campo, a céu aberto,
com chuva, com frio,
calor no Verão, no Estio,
trabalho braçal, forçado,
tão mal compensado,
escória, um fardo… um escravo!!!...…
cumprindo horários,
bem pesados,
uma fuga breve, sem greve,
fazendo turnos,
diurnos, nocturnos,
tal como no campo,
sem escolha… trabalho esforçado,
muito mal pago,
na fábrica, na oficina,
operários,
erários,
não deles… gregários,
sombrios, bisonhos,
sem sonhos,
escravos, fardos… escória,
sem estória!!!...…
mangas de alpaca,
serventes, pedreiros,
toda uma praga, malteses,
às vezes… ganhões,
por conta dos agrários, seus patrões,
donos das terras,
nas minas… os mineiros,
soldados para guerras,
carpinteiros,
artesãos, cozinheiros,
criadas e criados,
amas… de meninos birrentos,
produzidos, mal educados,
briguentos,
de pessoas,
simples intentos!!!...…
nas terras, nas fábricas,
desequilibradas… desajustadas,
dando o corpo ao manifesto,
numa canseira, fadiga imensa,
um passo atrás, muito menos,
fazendo, desfazendo,
tal como o homem, assim pensa,
aquela a quem queremos,
nossa mulher, querendo,
cumprindo… papel de mãe, dona de casa,
tanto fora, como dentro,
trabalhando,penando!!!...…
fúria de vida,
sombras tenebrosas,
fantasmas… fugida,
tempos desalmados,
sugados, calcados,
humilhados… sem serem, sequer,
tanto o homem, como a mulher,
obliterados… usados!!!...…
veio o Abril risonho,
logo a seguir… Maio, o primeiro,
instituído, gritado, um sonho,
igualdade, liberdade, pioneiro,
direitos adquiridos,
alguns… já perdidos,
salários justos, mais elevados,
uma luta, um ajuste, umas contas,
uma greve, braços, punhos… levantados,
um querer, um novelo, muitas pontas,
insatisfação que se aponta,
ruge o vento, passa a brisa,
acalmia que tarda, que se agita,
quanta esperança se alberga, nesse dia,
o primeiro de Maio… a alegria,
do que sonha, do que pensa,
do que quer mudar,
conquistar… o que intenta!!!...
Sherpas!!!...
...o antes, o agora...o depois????
…não se vivia…
…sobrevivia-se e mal…
mais fome que salário
doença terrível
mergulhou este Portugal
durante muitos anos
em obscurantismo tal…
que muitas foram
as “mortes” e os “danos”…
Abril sorriu-nos
e nós recebêmo-lo
com o coração em alvoroço
a esperança numa mão
na outra o cravo da salvação…
sonhámos, sonhámos…
cantámos, vibrámos
e tudo tentámos com valentia
para implantar a jovem
e tão querida democracia!
…Maio, é símbolo
Abril também
vivam estes marcos
da nossa história
façamos deles
dias de glóriae
que o nosso sonho
vá mais além!
Bedina
1 de Maio de 2006
Poesia…
A delicia de engendrar,
Com ritmo, com som,
Escolhendo as palavras a jogar,
Poder ir transmitindo,
A qualquer ser vindo
Seja de onde for…
O que a alma sente ,
Vai vivendo, vai percebendo,
Ou simplesmente vai sendo…
Partindo a brita com calor!
Hoje aqui vai a ideia…
Do que ontem senti…e…
Prevejo que serei amanhã
Um produto mesclado,
De sentimentos colados
No tempo presente,
Que incluem o passado,
Como incógnita…o futuro,
A não previsível resolução,
Sem ser por adivinhação…
No tempo, o “bocadinho”…
Usufrui por minha predilecta
Noção mínima dele mesmo,
Onde o pior e o melhor
Se encontram, se fundem,
Deixando a mensagem
Para que outro…igual,
Faça de mim a estalagem!
Que a forma seja movimento,
E o vento, uma passagem…
Há regras a cumprir,
Dizem os sábios, letrados
Quanta razão eles têm!
Será lícito não as conhecer?
Quando de poesia,
Se trata e se quer fazer?
Liberdade sim, admite-se,
Contra a métrica, sim, rebele-se,
Mas contra a beleza a que ela incita…
Por favor…que não se permita!
O soneto é lindo, canta-se…
As quadras rimadas, essas,
Espantam-se quando aparece
Um poema solto, liberto…
Que de tocar fundo estremece,
O ser que o lê, e nele vê,
Tudo aquilo que escondido,
Sempre velado permanece!
O conteúdo? ó semântica!
O quanto de ti a palavra, tem contida!
O poeta é músico sem notas,
É sinfonia com orquestra
Contratada, harmonia
Por ele retratada, frases
Elaboradas, estruturadas,
Em plena sintonia!
Canta, chora, lamenta,
Sempre com o doce ruído,
Ou o áspero proibido
Que uma partitura enfrenta!
Poesia…amada poesia,
Eu não te dizia????
Que encerras em ti mesma,
Um mundo de artes misturadas,
Nem te escapa a paleta,
Com cor mais ou menos romântica,
Consoante o estado de alma,
O poeta permite que a pena
Descreva, remexa, triture,
Revolva e a devolva, com ou sem tema.
Bedina
Fevereiro de 2005
...acordar profundo...
O sonho mau,
O pesadelo…acabou!
Até já nem sei…
O pormenor,
Já nem lá estou!
Acordei…
Entendi
Porque há tantas
Flores no meu jardim,
Que eu não colho
Gosto de as ver assim!
Acordei…
A vida é o que dela fizermos,
E eu estou disposta, sim,
Serei um ser mais para mim
Devo-me isso
Não entendem, eu sei…
Mas foi por isso que Acordei!!!
Bedina
Fevereiro de 2005
domingo, abril 30, 2006
...sempre esvoaçando...
...e continua o esvoaçar
do meu amigo beija-flor
sem mesmo se importar
que faça frio ou calor!
...terá de vez em quando
de pousar...
o descanso do muito afanar!
Bedina
...quase "perfeito"....
muito farto e variado
espécies invulgares
deixa que lhe cresça
no meio uma flor
muito simples natural
que logo tomou o lugar
que lhe competia…
a mais bela
a mais pura
a mais singela
…não esperada…
deixou todas
espantadas, afinal!
onde estava o requinte
da construção
dum roseiral
apurado, anunciado
como sendo especial???
orgulhosas com desdém
olharam a pobre flor
que sem se aperceber
erguia-se sorrindo recebendo
o sol, o seu senhor…
acabou numa valeta
arrancada pelo autor
de tão belo e soberbo canteiro
mas onde não ficou da pureza a cor!
o camuflado e construído
é belo por fora
mas por dentro…vazio
não ri nem chora…
ao seu olhar indiferente
responde-se com aquele
de quem sabe e sente!
Bedina
Abril de 2006