sábado, dezembro 17, 2005
...o meu "silêncio"...
o silêncio…
falo, penso, rezo
em silêncio…
ando, choro, rio,
corro, paro
…em silêncio!
e…ele o silêncio?
esse tenta (sinto)
as várias formas
de entrar em mim
…mas o ruído
do meu silêncio,
não me deixa
ouvi-lo…encobre-o…
então diz como,
como posso sentir-te?
…só assim?
faço o que dizes,
tenho de primeiro
calar-me a mim…
e só depois te
poderei interiorizar…
percebo, entendo…
vou já…já começar…
Bedina
...VEM! PORQUE ESPERAS...
Ode porque esperas
Se a espera muito pesa
Pesa a incerteza
Desilusões, quimeras…
Porque esperas?!
Regressaram os cercos
Cercados de utopia
Volta! Se não vens
Desgarra o pensamento
Algemas no olhar?
Viaja livre no momento
Eis de novo a divagar
Relvei estas palavras
Flori na tapada
Meu nome é poema
Filho do verso
E no reverso
Quem diria?
Pervertes tudo, nada…
É só poesia…
02-12-2005
sexta-feira, dezembro 16, 2005
...partiste...voando???...
partiste…
fiquei…não quis ir,
quando os céus
iluminam o caminho
não se pode fugir…
se partisse…
que deixava???
o vazio mal entendido
o cheio corrompido,
e eu…tornada nada!
meu traço riscarei,
meu óleo pintarei
minha sonata tocarei,
tudo em “meu” assim…
se partisse já não
haveria mais de “mim”…
sei que entendes…
e não me queres mal
parte…não esperes…parte sim!
Bedina
...voar...planando...
...voar...planando...
quinta-feira, dezembro 15, 2005
...voar...planando...
planei…..
por sobre meu corpo
por sobre meu interior
por sobre a vida que
me cerca…
suavemente…
deslizei…parei em voo,
voltei a planar….
só o som do vento
que as asas faziam
para o cortar…
tudo foi observado
à distância…
à distância dum voo
planado, permitido
e consentido…
por algo de especial
que atingi
(bem ou mal)
planei…planei…
viagem circular…
e pousei
no meu eu…
ainda por fechar…
então muito serena
entrei...e me quedei!
Bedina
Dezembro de 2005
quarta-feira, dezembro 14, 2005
...influência da música...
o que acrescentaria…
em nome duma alma
com direitos de autor
nada, mas nada acrescentaria
ao que nos conta o compositor,
sobretudo nesta fase do percurso
da minha vida…tão sofrida,
cheia de coisas boas,
belas…que estavam cá dentro…
eu era…estava adormecida,
meia esquecida de mim,
o que é errado, daí nada
acrescentaria, assim
só se fosse uma palavra
que designasse a imensa gratidão
que sinto pela música,
a romântica, sobretudo,
porque é linguagem
que entra directo no coração,
nada tão fácil…como parece,
não, é preciso senti-la,
entendê-la e ao tempo…
ele vem dar-me razão…
tantas as vezes quantas as
necessárias…serão muitas
poucas, nenhumas,
talvez…não sei dizer…
o ritmo é cada vez mais pessoal,
mais íntimo mais natural,
mas cuidado…comigo
quero tudo duma vez…
e não é assim…tem de ser lento
o digo outra vez, lentíssimo,
e uma …após outra do mesmo,
preparar-me para interiorizar,
leva tempo…bem no fim duma vida
poderei dizê-lo, sem mais nada,
venho ver e para trás não me lembro
qual era a cortalvez encarnada????
talvez mesclada???
agora é branca…alva…linda…
e doce…a vibração
permanente da pele
que transmite ao coração,
um amor sem limite,
o que ela apura…da ternura…
e o fim da minha vida é mesmo assim…
morra eucomo morrer…nada é mais
belo do que “estar”…e …”ver”…
tal como acabei de descrever!
Bedina
...influência da música...
a música…e Beethoven…
em especial alguns
dos andamentos
os lentos de muitas
das suas sonatas,
como a vinte e nove…(cento e seis)
comovem-me…dão-me
um sopro de serenidade,
de quase lamento…
mas do mais belo,
sem lágrima que corra,
mas que se sinta,
faz-me sentir o elo
do amor entre todas
as coisas deste mundo,
com os olhos do outro,
tudo mais puro,
mais sofredor, é provável,
mas mais autêntico
menos distractivo
uma paisagem imaginária…
os sons fazem eco…cá dentro
é soberba a sensação!
é inacreditável como sempre
posso sentir tudo o que tenho
ao alcance da minha mão!
identifico-me com os sons,
as frases, os requebros,
as harmonias, a intensidade,
o pedal esquerdo,
calorhumano, por certo…
tristeza…é provável
mas com ele não a sinto,
apenas me enlevo…
me gosto…me alimento,
me imagino…e tudo é belo
…e muito…muito lento!
Bedina
terça-feira, dezembro 13, 2005
...levada pelo sopro...
alma solta
pairando
por cima
do que sinto
vendo-me
de fora
de cima
sorrindo
pronta
para voar
ou poisar
no ramo certo
não o mais perto
mas ali
ao fundo
o que está
à espera
de mim e
leve…leve
e sorrindo
voando vou
voando sou…
Bedina
...PAIRANDO...
Vens tu ó nuvem calada…
Cinzenta e ameaçadora,
Queres que tenha por ti medo?
Queres que sinta tremendo
Um arrepio de temor?
Que estremeça, ou até chore…
Queres lembrar-me a minha dor?
Enfrento-te bem direita,
Cabeça erguida, frontal,
Por meu peito tanto passa,
E ela é tanta, a maleita,
Que se mostrasse o que tenho
Dentro do meu interior,
Arredavas-te com empenho,
Fugias do meu desamor!
Năo falas…apenas “dizes”,
Eu entendo o teu clamor,
Conheço nuvens bem altas,
Que mesmo brancas e fartas,
Bem cheias ou esfiapadas,
Trazem recados ou “cartas”,
Fingindo serem de amor,
E apenas delas recebo, recados p’ra pecador!
Um dia quando houver vento
Que me seja de favor…
Volta ó nuvem calada…
Quero conhecer-te melhor,
Talvez eu esteja enganada…
Talvez estejas disfarçada,
Prometo olhar-te bem se eu for…
Para ti a destinatária, ó nuvem branca sem cor!
Bedina
Fevereiro de 2005
segunda-feira, dezembro 12, 2005
...AGIR...conjugar cada acção...
amo
ponho em prática
beijo
ponho em prática
odeio
ponho em prática
luto
ponho em prática
dou-me
ponho em prática
sou sensível
ponho em prática
sou sincera
ponho em prática
não minto
ponho em prática
perdoo
ponho em prática???????????
não sei…se consigo…
falta de prática!
Bedina
Dezembro de 2005
domingo, dezembro 11, 2005
...entre o SONHO e a REALIDADE...
...algures...entre o sonho e a realidade...
numa simples cama de pedra
(ascética forma de dormir)…
como almofada, uma nuvem
(acabada de surgir),
cobria-me a noite escura
iluminavam-me as estrelas,
apenas as minhas amigas,
velhas conhecidas…
nas melhores condições térmicas
me fui afundando nos
braços de Morfeu…
entrei numa espécie de aura…
em que o sonho apareceu,
tomou conta de mim
por inteiro, numa confusão
de sentimentos e contradição
que mais parecia um acordado
com os neurónios a cem à hora,
mas não, não estava desperta,
ao que parece dormia!...
patetices de quem o sonho
apanha de qualquer maneira,
e com ele se fica, acordado ou a dormir,
guardá-lo é o “sempre” da minha vontade,
e o “nunca” será não o deixar ir…
Bedina