sábado, dezembro 30, 2006
...NOITE...
Dá-me, ó noite, a tua cabana, aberta,
Deixa-me nela albergar a minha alma,
Errante, cansada, que se parece contigo.
Todos os dias vem, é constante, persistente,
Mesmo quando enevoada, chuva é lágrima,
Dor a trovoada, frio ou calor, nada exigente.
A tua cor é a minha, apenas um pouco mais clara,
Mas desapareço, não deixo que se veja nada.
Conto-te um segredo, canto-te um soneto,
Não digo nada a ninguém, a ti te prometo!
Ó minha amiga, doce companheira de anos,
A quem tanto implorei um pouco da tua paz,
Deixa-me entrar, sossegar e dizer:
Aqui, o ser-ninguém, veio e jaz!
Bedina
2005
...RENOVAÇÃO!...
armada de ferramentas
entrei fundo dentro de mim
para a limpeza anual…
leva tempo e dá trabalho
mas foi tomada a resolução…
abeira-se o bom pretexto:
um ano que finda e
outro que antevejo
caminho traçado conhecido
tantas vezes calcorreado
dando sempre bom resultado:
assim uma dose de humildade,
algum recolhimento,
uma memória avivada,
detalhes em quantidade,
não correr riscos escusados,
besuntando tudo isto
com a qualidade de sentimento
próprio de cada momento
que ditará finalmente o julgamento!
como se deve continuar
é a questão mais premente
encontra-se a fácil resposta
mas não a que interessa
essa só quando mesmo à frente
e não é para toda a gente…
sabido o caminho e sem pressa
limpa-se bocado a bocadinho
repõe-se tudo a novo
elevando a alma, com
muitas e novas sensações,
e a ideia é deixá-la assim
reluzente e num brinquinho
pronta para as renovações!
Bedina
2006
...ESPERANÇA...
Decomposição interior...
Tenho um ser
Inteiro ou repartido?
Desdobro-o, e
Espreito, quero ver,
Quer sentir que sou ser,
Começo por perceber
Na minha frente,
Tudo escuro...
Penumbras
Cinzentas, macilentas,
Abro melhor os olhos,
E deixo assentar a poeira...
Que oculta bom e mau,
E espero...
Passado um pedaço
Volto a entrar...
E a espreitar...
Ao fundo uma leve tonalidade
Muito ténue,
Alguma claridade...
Tenho de me aproximar mais
Correndo o perigo
De me aterrar...
Na verdade tenho medo
Tenho medo
do que vou encontrar...
Páro...deixo o tempo passar
E espero...
Está na hora
Voltei...
Impulsiva que sou
Nem conta me dou
Daquilo que,
Se calhar,
Até já sei...
Deus,
Que verdade năo seja,
Que o que temo
Năo se veja, que
Eu năo veja...
Espera-me a dor
A disilusăo,
Acabou-se o que resta
Da esperança dum engano,
Mas năo, ainda palpita...
Está ali bem à vista:
O meu coração
(Tăo ensanguentado,
Tăo esfaqueado,
Tăo pobre e maltratado,
Irreconhecível...)
E fujo...e espero...
A tremer, volto
A tentar entrar...
Queria tanto concertar,
Queria tanto curar,
Aquelas feridas todas
Que já estăo a infetar...
E a que se segue a morte,
Como triste sorte!
Como posso eu tentar?
Com amor abnegado?
Posso experimentar...
Mas năo sei se resulta
Se ainda será entendido,
Estranhamente amaciado
O que está ferido,
Ou se por tanto se ver preterido,
O fará ainda mais sangrar...
Espero...quero pensar...
Tempo...ajuda-me, espero...
Porque quero...eu espero...
Tempo, eu vou esperar!
É que de repente pode voltar,
E dum todo esfrangalhado
Nascer outra vez ...
Um ser inteiro retornado,
E porque năo?...transformado!
Bedina
quinta-feira, dezembro 28, 2006
...sonho simples...simples sonho!...
sonho simples…simples sonho!
passeando, deambulando
por vales e montes cerrados
fui andando e encontrando
em cada canto um sinal…
de início mal os percebia
as flores eram flores
as árvores eram árvores
e sem ser as cores
pouco ou nada os distinguia
engano dos enganos!
nada estava mais mal percebido
cada ponto tinha valor acrescido
assim uma flor era o conjunto
das suas belas pétalas de cetim
cada árvore tinha uma folha
desenhada de forma diferente
a textura, a cor, o tom, o viço…
mas que me dizia isto a mim?
era uma oferta da natureza
poder estar parada a contemplar
tamanha variedade e beleza
não é sorte de muitos o que
a mim se estava a proporcionar!
o sonho chega das mais diferentes maneiras
e alimenta-se de todo o pequeno grão
que queiramos ver com atenção…
dirige o olhar ao ponto, capta
e guarda na sua memória,
e todas as funções são muito certeiras…
o ramo final de ideias que construí
tem a forma de um castiçal,
o conteúdo duma vela por arder,
o sabor duma obra de arte genial
o grato sentido de ser meu sem o saber,
nada me foi recomendado, apenas intui…
com a destreza dos observadores
retirei duma bela paisagem em bruto
a construção dum sonho impoluto!
para outro será o habitual…
da minha inteira autoria é o original!
Bedina
terça-feira, dezembro 26, 2006
...NATAL...
O meu Natal,
Eu gostava de contar o meu Natal
Mas será que conta-lo seria entendido??
Na dúvida, direi apenas isto:O meu Natal, foi um Natal igual a tantos outros, melhor que muitosssssssssssssssssssssss deferentes de outros, mas foi essencialmente um Natal onde se reviveram os melhores, não se esqueceram os piores , e se tentou, como se fosse possível, vislumbrar os próximos…
Mas o meu Natal, não sendo dos piores…foi um Natal passado a olhar em redor e ao olhar em redor...fez com que o meu, que sendo igual a tantos outros, passasse a ser, apesar de tudo, um dos melhores do mundo.
Porque:Olho em redor, vejo fome
Poder, guerra e maldade
Que sem rosto, não tem nome
É assim a sociedade???
Se for (…)A frustração é, entre outras coisas, uma experiência emocional muito provável quando a distância entre as expectativas e a realidade se desencontram demasiado.(…)
Isabel Leal
Amiga, aqui fica no teu asseado blog , a minha tentativa de "equilíbrio"...
Festas Felizes
Leandro
...NATAL...
esta noite abri a minha alma
voltou o sorriso e o ar terno
as cores vivas e eternas, tal
como ele que aí vem: o Natal!
simples festejo dum nascimento
data não certa, apenas acordada
por gente do mais alto comando
desta terra que segue os deuses
que precisa desesperadamente
dum ente superior que lhe dê
no fim da vida uma recompensa
para tão alto e grave sofrimento…
ninguém O bate em padecimento!
todos podem recorrer ao ente
divino, consolo de muita gente…
foi pobre diz-se, foi eleito em casta
dizem outros, mas existiu, despojado,
e dentro dos valores lutou,
apregoou mensagens de amor…
para os corações leves e puros
foi bálsamo logo imediato
para pecadores de alto coturno
um perdão tardio mas abençoado…
desde então aniversários se repetem
em corações, por todo o mundo…
aleluia!… bendito seja tão ditoso fado!
Bedina