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sexta-feira, julho 14, 2006

 

...meditando...

Folhas de vidro



Andam comigo
há que ter cuidado
não se partam
são frágeis
transparentes
mas...lindas!
por vezes ficam
como que ausentes
indiferentes

mas não as largo

de tudo faço
para que voltem
contentes...
meu espelho...
ora se parte
ora está inteiro
colado
recauchutado
cheio de brechas

mas não as largo...

folhas sem pétalas
sem caules
em flor
que reflectem
meu sentir
minha mágoa
meu amor
são o correio
tábua de fervor!

já são o meu eu...

mostro-as por vezes
sem medo
folhas de vidro
transparente
nunca ausente
ajudam?
sim a quem sente
afinal são
como as de toda a gente...


Bedina
2003

quinta-feira, julho 13, 2006

 

...parar para pensar...



Retirar-se do mundo
Do quotidiano nefasto
Acelerado, ansioso,
Pronto para o repasto...
Nem mais se aborda
O que parece que...sobra!


Sossego de alma dorida,
Amparo de dor remoída,
Silêncio ruidoso,
Ser pensante preguiçoso,
Faz esforço e consegue...
Passado, presente e o que se segue!


Passa-lhe a vida pela frente
Como se de filme se tratasse,
Toda a alegria, dor, e de contente,
À profunda tristeza, se pegasse
Pela ponta e desenrolasse,
Desapiedada análise, diferente!


Bedina
2003


quarta-feira, julho 12, 2006

 

...meditações...memórias...relato...


estórias na infância…

Que sede..que vontade de entrar na estória,
Seja ela qual for...mágica, cheia de mistério, de cor,
Povoando a minha imaginação de criança,
...que no sonho se refugiava:



Saiamos de manhã cedo, meus irmãos e eu,
Com uma “criada” que de nós cuidava,
Que cozia a roupa, enquanto brincávamos.
Nenhuma brincadeira me satisfazia,
Olhava de esguelha para ela ansiosa...
Esperando por um sinal de boa vontade,
Expresso quase sempre nos seus olhos azuis,
Então, mal o sinal surgia, largava tudo e corria,
Sentava-me no chão com as mãos no seu regaço,
Olhava-a com perfeita veneração e esperava...,

Conta, conta-me a história...a do príncipe,
Que terminava sempre escolhendo de todas,
A mais dotada, a mais bondosa, a menos interesseira,
Nem sempre a mais bonita...coisa que muito me agradava,
A mim, criança pouco amada, a que se acha pouco dotada,
Tomava o papel da heroína tão a sério, tão como "ela",
E sonhava...sonhava...demais me entrelaçava
E o meu coração guardava, guardava...cada uma delas,
Em cada estória...cada peça...sempre os valo
res...
A força de carácter, me atraiam, em mim ficavam,

Em mim se fixavam...até hoje...no meio de dores,
De amores...noutros momentos da vida...estavam
Sempre presentes...hoje sei-o...o meu coração
Não os largou, nem nunca deles se afastou...

Nem sempre lhe vinha a recordação,
Mas por vezes de repente, ouvi uma palavra...
Donde vinha, nem sabia, mas povoava
O meu sonho de vida...o meu ideal de mulher
Que me orgulho de seguir...apesar de dor infligir,
E dela, da minha amiga incansável em contar,

Pois do seu paradeiro nada sei,
Mas uma coisa é certa, DELA...
Nunca mais me esquecerei!


Bedina
2002




 

...meditações...

O momento...


Serei eu, neste momento?
Não me reconheço
Não me entendo,
Não tenho endereço...
Senão escrevia-me

E talvez conseguisse
Fazer-me mudar...
O qualquer coisa
Que me está a fugir!

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Isto é apenas um momento
Nem mais nem menos...
Dura há muitos meses.
Importância? De somenos...

O que é esta gota...
No oceano da tormenta? nada!
...não é o vazio que temo
É o sumo duma alma penada!

Bedina
2002

segunda-feira, julho 10, 2006

 

...o peso da SOLIDÃO...


Solidão...

Afoga-se
Em solidão
Tenta nadar...
De nada serve
Solidão é densa
Pesada
E ela de si
Nada tem
De leve.

Some à dor
Algum pudor
Um pouco de choro
O troco
Dum amor
Não retribuído,
Fingido
Traído.

Falta-lhe o ar
Sente que ela
A solidão
A quer afogar
Tenta manter-se
À tona
Tem,
Ela tem
De se salvar...

Pode até vir-se
A afogar
Mas assim não,
Não em solidão!



Bedina
2004
 

...desencontro...

A hora marcada...

Nunca chegou...não,
Nada de especial...
Apenas não estava
E ponto final.
Desculpas-me?
Claro, pronto dizia,
Mas ele não sabia
O quanto me feria
Mesmo falado
Para ele era fado,
Não ouvia,
não entendia,
ou não queria!!!
Estranho então,
Nunca querendo
Porque marcava?
E insistia?
Vontade não havia...
Alguma intenção
Teria...
Passa a inconsciente,
Do que traça
Do que não diz
Do ausente,
Do infeliz!

Não marque,
Não venha...
A vontade foi-se,
Morreu o interesse
Enterrou-se,
Mesmo que marque
Não vou, esfumou-se!


Bedina
2004

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