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sábado, outubro 29, 2005

 

...OLHOS ao acordar...

Mal me apercebi que era dia...
Dormitava…ainda os olhos mal abria
E já hesitava…acordar não queria…
O que me esperava, que seria???

Nada de bom certamente,
Por mais optimista que seja,
Não posso deixar de recear…
O começo dum novo dia!

Caixa de surpresas…oh! se é!
Sempre em aberto…tudo se
Modifica e se transforma…e eu?
Onde fica a minha morada agora???

Perguntei à tímida luz que via,
Se por acaso não seria bom pronuncio…
O facto de a ver brilhando…
Mas ela respondeu, sorrindo, acho que sabe,
Só que dizer não podia…entendo.
Infelizmente, já de tudo…me vou apercebendo.

Só me falta um complemento
Para ser o que era, em cada momento,
Aceitação, chama-se ele, e disse-mo o vento…

Bedina

sexta-feira, outubro 28, 2005

 

...SILÊNCIO....a linguagem dos olhos...


















Olhos...transmitindo...















...Olhos nos Olhos...
 

...SILÊNCIO...a linguagem dos olhos...

de “o elogio do silêncio”
(Marc Smedt)




(……)
Linguagem de paixões, o silêncio? Sim. Para bem apreciar um espectáculo, uma iguaria, uma bebida, uma pele, é preciso saborear silenciosamente, recolhido sobre o acto.



Um lugar-comum diz que as mulheres são faladoras. Elas conhecem nesse caso tanto o valor do silêncio como a alegria da palavra.



A afeição numa mulher lê-se na sua propensão para o silêncio.
É um dilema milenário, esse de comunicar ao outro as suas intenções profundas de mulher, assim como este processo de iniciação mútua que ela pressente, e que é tão difícil de construir harmoniosamente.



Para que a relação se concretize e se eleve, o homem tem de penetrar no segredo da mulher, que se situa muito para além da caverna do sexo: ele deve sentir e deixar-se engolir pela sua magia, de maneira a que a alquimia do encontro aconteça, que os contrários se reconciliem, unidos, e que a entidade amorosa se desenvolva entre eles.



Porque existe algo parecido com a ressurreição que palpita num encontro amoroso bem sucedido.



A verdadeira aliança baseia-se numa cumplicidade atenta dos silêncios, a verdadeira beleza do amor reside no facto de ele ser graça e esforço, dádiva e conquista permanente. Acto de fé.
E o silêncio que se segue ao acto sexual diz tudo sobre a qualidade do prazer, ou das frustrações, sobre a verdadeira satisfação dos amantes, da sua eventual regeneração e da sua harmonia nua.



Uma mulher que seduz sem palavras possui uma arma temível. Por trás do véu das muçulmanas tudo se passa pelo olhar, incrivelmente palavroso…




Mas não nos enganemos: os silêncios de uma mulher são tão enganadores quanto as suas promessas:

Pedira eu mais
E, pelo que do outro lado das palavras clama,
Ainda mais teria recebido?
…E a beleza, crês tu que não seja
Sinal
Então para o grito feito pó
Sobre o céu, a partir do meu silêncio
Falo às estrelas
E elas olham-me

Olympia Alberti

(……..)



(quinta meditação)

quarta-feira, outubro 26, 2005

 

...quando o SILÊNCIO...dá lugar à palavra...





ARTE POÉTICA

O ar está cheio de palavras; e
até as que se perdem contra o fundo
de muros, as que caem no outono
como as folhas das árvores, as
que se afogam no pântano das indecisões,
deixam no ar o seu eco. Assim,
o poeta segue um destino de coleccionador
ao recolhê-las, mesmo essas
cujo murmúrio se confunde com o vento,
e prendê-las à página, onde se agitam,
estremecendo com o sopro da voz,
ou adquirem a dureza do mármore, brilhando
apenas quando a luz do verso
as toca.

Nuno Júdice


 

...SONHO...o BELO...em SILÊNCIO...

...quando o SONHO...se desenrola no mais profundo SILÊNCIO...

 

...insensibilidade sem "ruído"...


quando os sentidos não sentem…

quando a lágrima desliza…
e não se fixa…desaparece…
dilui-se…a sensibilidade
da pele, policromática…
basta sentir um vale
que se vai cavando
junto ao canto dos olhos,
vale salgado…húmida,
pedra de sal…
uma mágoa, avolumada,
pela gota de água…
um sorriso reprimido,
retorcido, não declarado…,
retoque aqui e ali…
um triste semblante…
sem vontade de viver,
sem cor…pálido,
esquálido…
indiferença perante o sol,
mouco aos sons, sem cheiro
algum que perfume
o coração…
e o mais grave…
o mais grave…é não saber,
é não perceber que se
morre aos poucos…
mesmo sem lágrima a descer!

Bedina

segunda-feira, outubro 24, 2005

 

...SILÊNCIO...e...comunicação...


De o “Elogio do SILÊNCIO”

(de Marc de Smedt)


“””(……) os silêncios “interactivos”, que são pausas numa conversa, numa discussão, num debate: “Parece que os silêncios interactivos entre indivíduos são muito diversificados.

Eles dependem intrinsecamente da natureza do processo de troca de mensagem e, mais particularmente, das situações e circunstâncias em que se desenrola a comunicação.

Durante estes silêncios interactivos, têm lugar uma grande número de decisões que têm a ver com a afectividade e o reconhecimento, assim como as deduções e os julgamentos.
Os silêncios interactivos parecem ser, portanto, os mais favoráveis às relações entre as pessoas.

(……) A outra face do direito à palavra é o direito ao silêncio, direito esse que os acusados não se coíbem de utilizar. Mais vale manter o silêncio do que mais tarde arrepender-se do que se diz. O silêncio é de qualquer maneira entendido pela justiça mais como dissimulação ou desprezo do que como revolta contra a iniquidade da sociedade.

Nas trocas sociais, o silêncio tanto pode ser ponto de observação como local de refúgio estratégico.

O controlo do silêncio, a sua penhora, permite “escolher a ordem de prioridade de qualquer acção” (Kahn).

Os mutismos podem ser odiosos, carregados de uma potencial violência fantástica.

Mas é a sua “ambiguidade que mais faz com que o silêncio seja temido, visto que ele põe sempre em questão a relação interpessoal.

É lógico que o silêncio, se serve de protecção nos jogos de poder, também pode proteger os desgostos, o sentimento de culpa, a decepção, a vergonha, a fraqueza, a felicidade, a surpresa, todos os estados emocionais mais ou menos intensos que habitam em nós, todas as nossas reacções reprimidas, todas as nossas fantasias e delírios mais secretos.

O silêncio é o interior da fachada, o reverso da máscara, a face oculta da pessoa. O trampolim da palavra.(……)”””

(quarto trecho)


 

....comunicação...Ilusão SILENCIOSA...

era límpido,
entronado
por cada ser,
todos teriam
o mesmo gosto
todos provariam
o mesmo entrecosto
e saber-lhes-ia
a rosas…
das pálidas,
não gritantes,
embirrantes,
sorriam,
mostrem o vosso
contentamento
neste momento
eternizem-no
na vossa memória,
pois chegará
o tempo em que já
nada disto vingará
apenas se esquecerão
da concórdia,
e nada vai mostrar
o que vos assola
dentro do coração!

pois é…não era verdade…
e não era sonho…
era apenas ilusão!

Bedina



 

...o não-SILÊNCIO...







engôdo…às claras e sem SILÊNCIO…

rolar, rodar
circular, em volta
andar de roda,
semi-enrolar,
não atar nem desatar
não cortar,
por ponta não se achar,
um círculo
vicioso?
vinculativo?
vingativo?
gato-sapato…
sapatilha…,
qual palmilha
que enrodilha,
é só entrar
e deixar-se
enredar…
e rolar, rodar
circular…

Bedina
 

...continuando no "descanso" do SILÊNCIO...






num repente…

tudo o que era
já não é…
mas como foi possível
será mesmo assim,
a verdade pintada
ora de branco
ora de preto?
será erro que cometo
ao ler de forma
desastrada
elementos
que espalhados
por sítios vários
deixam rasto e sabor
a terra queimada
onde um segundo
antes apenas era
um bem estar com cor
uma alegria velada
um entendimento
partilhado…
sem sombras sem dor?
não, não me engano
apercebo-me, então
alheada mudo o tom
do meu interior…
e sigo caminho
independente do teor,
do cheiro, do som,
de interferências várias,
caminho…sozinho!
se parar pertenço
aos párias…
que não sou,
e não quero…
mas também…
se descansar
não desespero!

Bedina

domingo, outubro 23, 2005

 

...INTERREGNO...

...bucólico descanso do pensamento...



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