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sábado, março 24, 2007

 

...o sonho e a aventura...




fazer-se ao mar…

içar a vela
a mais alta a mais bela
que de longe faz sonhar…
o barco, tosco e mal
amanhado, sem ela , a vela,
não se faz ao mar…
precisa dela, condição
de poder levar consigo
o sonho dos que ao abrigo
duma vela se aventuram
querendo primeiro

encontrar-se consigo
mesmo passando medos,
tremendas incógnitas,
julgam em local de aflição
o que está dentro de si
que se lhes mostra claro…
concordo… só que nunca vi
que tal sucedesse
é mais o sonho…mas aí
não há quem se atrevesse
a reconhecê-lo…seria
o desabar, desintegrar
de personalidades, frágeis
que não se podem enfrentar

dai a velha procura, a loucura
de, em casca de noz, se fazer ao mar…





Bedina






2006

 

...estar INTEIRO...







quanta renúncia a alma tem
quanto tremor interior lhe advém
capacidades imensas por desenvolver
umas atrofiadas outras a florescer…

tivera eu o mar imenso por inteiro
o vento forte e zangado pela frente
a chuva e a neve em alternado…
e lhes juntado a minha mente…

o corpo em conjunto com o pensamento
quanta obra de elevado valor não faria
mas a fatiga assume um grande peso
e contraria toda e qualquer parceria!

se a leveza do espírito contrapusesse
talvez os outros elementos acedessem
e assim o equilíbrio se fizesse…

poderes pesados não podem ultrapassar
vontades inamovíveis duma harmonia…
é que há que lutar por elas noite e dia!




Bedina



2007

quarta-feira, março 21, 2007

 

...convenções sociais...






porque é o corpo tão exigente?
porque nos pede constatemente
que o cuidemos, que o mostremos
no melhor que podermos..
agradável à vista de gente?

quem o tem belo e iluminado
não está por certo na sua origem
outros estiveram e o feio,
o coitado, que não pediu
para a este mundo assim vir…
paga a sua hereditariedade
como se fosse culpado…
pois… por vezes é esse que melhor
sabe viver, ter proveito e sorrir!


o outro o belo que só com ele
se preocupa…nunca trabalhou
o que por dentro o fará embelezar,
esse, acaba por se tornar o “feio”
e tão desinteressante que aos
outros só faz é incomodar!
fosse a sua cabeça inteligente
a alma generosa e boa,
seria o perfeito em figura de gente!

Corpo e alma têm de se confundir
cuidados…abnegados, mesmo
que não estejam enfeitados…
darão de si próprios a imagem
do conjunto, linguagem
não f
alada…mas comunicada,
ocupando lugar neste mundo,
agradável, afável, amável…
como ser que é querido, ama
e sente que é amado!


Bedina



2005

 

...SONHO PARADO...



sonho parado…

quando o homem deixa de sonhar
parece que se arrancam porções
de carne viva e se põem a torrar
não venham a valer as tentações

sonhem, sonhem…é vida, é louvor,
quando um homem sonha, a vida
enche-se-lhe de cor, de amor,
mesmo que nem lhe saiba a medida…

se o sonho nos traz a coragem
como fará todo aquele que a não tem?
passará ele ao lado da vida?

ou achará que tudo o que já viu
lhe basta e se contenta
com o pouco ou nada que sentiu?

Bedina




2005

terça-feira, março 20, 2007

 

...estou viva!...






inspiro
expiro
amo
toco
odeio
sonho
apanho
suspiro
desenho
imagino
adiro
rejeito
abraço
enfeito
atiro
dou
danço
pinto
nado
recebo
choro
sorrio
e sinto
estou…viva!

Bedina






2006

segunda-feira, março 19, 2007

 

...é preciso paciência...



minh’alma desassossegada…

não sei que lhe dê mais…

tive o cuidado de a ouvir
e achando que percebia
dei-lhe sonho e fantasia…
muita da minha alegria
recusou, nem ligou…
emitiu os mesmos sinais…

não sei que lhe dê mais…

afaguei-a, mimei-a
contei-lhe que o sofrimento
não vem de fora…mas de dentro,
que analise a dor “a pronto”
e repare na do momento…
fiz figura de tonto…

não sei que lhe dê mais

propus-lhe então um pacto
em vez de saltar tão alto
comece, mas devagar,
a pensar no bom da vida,
por certo, vai acalmar…
acho que ficou sentida…

não sei que lhe dê mais…

se ainda recusar…
o que à mão tenho
e lhe vou dar…
nem lhe ouço os sinais
deixo-a assim…
dentro de mim,
já nada lhe dou,
mas nunca…nunca mais!

Bedina
2005

 

...olhar atento mas...



olho à volta e…

tenho tudo…
então porque
estou de mim
tão descontente…
será da estação
da sua duração?
inquieta, irrequieta
então?
não sei…não!
tudo faz eco
dentro
deste coração!
mas nada vejo
nem sombra
de razão…
emoções?
afectos misturados?
distracções
com intenções?
não sei…não!
faltam-me dados
concretos…bem
explicados…
pudera eu desfazer
toda esta confusão!

Bedina
2005

 

...o interior visto do exterior...






por mim passa…

estou sentada, envergonhada,
num canto dum jardim,
a pensar apenas em mim,
dando-me conta que sou nada…
e vejo quem passa…

a tristeza entrou…mas não ficou,
há cá dentro um sorriso…
que me salva da auto-compaixão,
dando-me oportunidade de juízo…
e vejo quem passa…

a pouco e pouco descentro-me,
interrogo-me e olho de frente
o que trará consigo de sofrimento,
de amor mal conseguido, esta gente
que vejo a passar…

por certo nada é igual…
mas há muita variedade
no “diferente” de cada vida
onde não abunda a verdade…
vejo-me em quem passa…

rogo, choro e peço por todo
aquele que de tristeza anda vestido,
que anda por andar…nem sabe como,
e que como eu terá de sair conseguido,
vejo coragem…

vejo quem passa…
quem está a passar
vejo-me em quem passa
com coragem para andar!

levantei-me, sorri-lhes, acenei,
não entenderam…não faz mal
sou só eu que estava sentada,
ali…meio parada…afinal!

Bedina






2006

domingo, março 18, 2007

 

...RENOVAÇÃO...




meia estendida na areia
pensativa e virada de lado
vou riscando com o dedo
o caminho apartado
onde gostaria
de experimentar
um relaxar lânguido...
renovar aí a minha
nocção de bem estar...
fisicamente com o coração
espiritualmente com a razão
entrar numa de nirvana
deliciosa sensação
de paz, de poder, de ser...
transmitir a quem eu quiser
conhecer, por experiência
não como relato...aí há um iato
difícil de convencer...
vem, se queres a minha mão

tentemos a dois, porque não?
terá sentido em duplicado
ou será o resultado emaranhado
de duas almas em manhosa
sintonia mas aparatosa...
é ela a terceira
a dimensão de que falo
fácil de acesso por ser a primeira
numa longa lista de crescimento
transcendental de emaranhados
pinhascos e julgamentos cruzados,
sempre na procura duma luz real
sobre as incógnitas do planeta
sabendo que nem originais são
mas estão plenas de pretensão!
interessante esta proposta a dois...
vens? atreves-te com o medo que tens?
não é nada difícil é só não cair na tentação
de entender logo em primeir
a mão
será tudo sentido, vivido
e só despois escalpelizado
à medida que o ser vai estando
na real e suficientemente acalmado,
então que tal, vens???
ou chegas atrasado???

Bedina






2006

 

...curiosidade insatisfeita...

















encontrei uma estrada…

muito estreita
mal iluminada
de terra batida
buracos a vestem
tapetes de erva
húmida a forram
não conduz
a lado nenhum…
mesmo assim
aventurei-me
e, ai de mim,
nunca o tivesse feito…
fantasmas antigos e
seus filhotes modernos
me assolaram
desde o início
sem dó nem piedade
fizeram o que puderam
para amedrontar
fazer fugir
provocar, chorar…
inofensiva parecia
mas afinal
era estrada de penar
para onde os pecados
se iam expiar…
preferi voltar
com tudo apanhar
de novo
e relaxar na areia
molhada,
como iniciada,
e por ali me fiquei
me quedei a perguntar
o que merecia tal pena
mistérios por desvendar!
quem sabe um dia
possa lá voltar…
e serena apreciar
o transformar de
fantasmas
em coisas simples
capazes de
sorrir me fazer
apetecer!










Bedina


2005













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