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sábado, novembro 05, 2005

 
Já é noite...
faz-se tarde
tenho pressa de ir
não sei bem onde...
a uma parte de mim, por certo,
mais um dia se finda...
mais um que do céu
fica mais perto...
Bedina

 

...o sonho interrompe o SILÊNCIO???...


sonho…em “fá”

uma fada que dizia
me conhecia
me fadou:
“eu te cubro de tudo
o que de melhor
e mais bonito
possas vir a ser”
“eu te dou…”
e mais…
“serás bonita,
prendada,
boa, generosa, e
muito amada”

foi assim…

só que a fada
não sabia
que ela não existia…
mas eu que tanto
a queria…
chamei-a…
e, para meu espanto
apareceu, voltou
a dizer…mais e
melhor (mais do mesmo,
é claro), acreditei…
e quando aconteceu
um dia…cair e muito
chorar…
por ela clamei
em desespero
a soluçar…
e então…

não é que veio?!
veio consolar,
tal bondade…tal amor
tal clamor…só podia
ter uma finalidade…
fortalecer o meu ser
tornar-me forte na dor
agora sei que se chamar…
ela vem…para me abraçar
a afilhada…por ela dotada…
e eu???...a encantada,
achava que reluzia….
mas afinal…tudo não passa
de pura e mera “fantasia”!!!

Bedina

sexta-feira, novembro 04, 2005

 

...a CULTURA do SILÊNCIO...





De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smedt)


(......) O meu mestre zen, Taisen Deshimaru, que já passou por muito, costumava dizer no seu "zenglish", jargão de inglês misturado de francês: "Bad becomes good, good becames bad, é a vida", "O mau transforma-se em bom e o bom em mau"; é verdade que cada situação pode ser mudada a qualquer instante, visto que ela traz em si a sua degradação e as suas possibilidades de mutuções criativas;
tudo coexiste com o seu contrário, alegria e dor, cansaço e repouso, ausência e presença, ser e não-ser, basta continuar a avançar usando tempestades e as bonanças que vamos encontrando pelo caminho

Algumas civilizações desenvolveram de maneira profunda esta cultura do silêncio: das sociedades mais primitivas às mais evoluídas, dos Igbos da Nigéria aos Japoneses, o silêncio é um acto de eloquência.

Para um Árabe o facto de estar em silêncio dentro dum grupo nada tem de chocante: isso faz parte da sociabilidade, o silêncio é sentido como uma prazer sereno.

Os Ocidentais, por seu lado, são muitas vezes incomodados pelos longos silêncios dos Japoneses, desorientam-se, enraivecem-se, interrogam-se porque é que eles não falam: posso dizer, no entanto, que se eles soubessem viver na calma deste silêncio, os seus assuntos avançaria mais rápidamente; pois os seus protagonistas ponderam-nos, avaliam-nos e tentam perceber intuitivamente o que se encontra por trás das palavras.


Krlfired Graf Durkheim, provavelmente o filósofo ocidental que melhor percebeu o espírito oriental na sua essência, escreveu que

"o Oriente ainda entende o silêncio como uma força poderosa, agitadora das profundezas, que sabe distinguir, desenvolver e proteger. É por isso que existe no Oriente uma cultura do silêncio.

Ela é, na maior parte das vezes, o centro de toda a estrutura da vida e do mundo.

Conhecer a 'cultura do silêncio' é também possuir a chave do próprio espírito do Japão. Ela merece ser conhecida, não apenas como a essência do espirito oriental, mas também porque nos diz respeito pessoalmente, na sua qualidade de fenómeno fundamental que toca tudo o que é humano.

No Ocidente, outras forças reprimiram-na até a um ponto que se torna perigoso para a nossa humanidade essêncial. Ao contemplar-se no espelho do Oriente, o ocidental pode tornar-se mais consciente de si próprio, das suas potencialidades e perigos. Ele não vê só a sua singularidade, vê também os traços mais ameaçadores da sua natureza, onde toda a decadência diz respeito à sua humanidade total, aquilo que alimenta toda a particularidade pessoal".


No Ocidente temos de aprender a utilizar e a domar a riqueza dos nossos espaços de solêncio, no seio da própria linguagem e da vida quotidiana;


isto pode ser uma porta de saída de muitas doenças psicossomáticas e socioculturais.(......)


(8º trecho)

quinta-feira, novembro 03, 2005

 

...apesar de em SILÊNCIO...




Mistérios misteriosos

impossíveis de decifrar...
só estando lá
sendo personagem
a principal
e "tal e qual"
senão não dá!

sentidos alerta
sentimentos
em concha aberta...
retratos de alma molhada
vivida

encarquilhada!

Mistérios misteriosos...
queria pertencer-lhes!

Bedina

(sobre um texto do Diário de mathilde Rosa Araújo)












GOYA
 

...ruído silênciado...







soluço

năo sai…encravou
a palavra que quero
dizer duma vez
entrecortada ficou…
apanhada de surpresa
ela ia sair mas caminho
arrepiou…esperta,
sem dúvida…
năo era preciso, năo,
que o choque do que viu
fosse tamanho…
ia caindo,
à parede se agarrando,
soluçou…tremeu a garganta
de dor tamanha e tanta!


Bedina

 

...SILÊNCIO...e...desespero...

Apatia... (um grito por gritar)


O silencio… O silencio que me ribomba nos sentidos,
Esmagando-me,
Violando-me…
Estaco no fim do Tempo,
Observando através de olhos vazios
A imensidão que se confunde com o Vazio,
Que se matiza para lá da essência,
Como um grito que rasga o silencio e se apaga sem um eco…
Pende-me a mão,
Num gesto desesperado de agarrar o Vento,
De beijar o Infinito,De rasgar o luto e as lágrimas,
De sentir a Dor,

De ouvir o coração,
Da confusão dos carros que passam,
Do grito que já apaguei…


Mas…Apenas o ser de não ser…


Publicado por almahperditae

 

...outros SILENCIOS...a caminho do oriente...


De "O Elogio do Silêncio"
(Marc de Smedt)


(.....)O pior silêncio que pode habitar em nós é o do desespero, que toca, mais cedo ou mais tarde, toda a gente. Nessa altura o ser abandona-nos, náufrago solitário sobre o oceano desenraizado dos seus sentimentos, perdidos e ridicularizados pelos aspectos decisivos da existência, abismos dilacerantes de trsiteza e por vezes lágrimas, que parecem não ter fim, não ter fundo, e que, mais cedo ou mais tarde, trocamos por novas esperanças.(......)


(8º trecho)
 

...de mãos dadas com...o interior do SILÊNCIO...



Digo eu..

O momento é de oração

Aos crentes o meu abraço

Em hora de devoção

Rolam lágrimas, no regaço

Outras há….que são incógnitas

Derramadas pela dor

Dos que caminha sem rumo

Sem raça

Credo

Ou cor.

E são muitosssssss

Digo eu…

No mais recôndito lugar

Que também crentes em Deus

Ao abismo vão parar

Para o Céu…..os inocentes

Mas será que é sempre assim???

Onde cabem os indigentes

Que são gente

Quanto a mim??

Nestes momentos solenes

Tudo chora

Sem parar

Mas se perto

Lhe pedem esmola..

Diz-se que não..

Vai ganhar

São estas contradições…

Que não consigo aceitar

Uns santos

Outros vilões

Mesmo que os dois a rezar.

leandro

02/04/2005


 

...pouco SILÊNCIO???....ou fruto do silêncio???...


Quero…

Quero umas asas de sol e um vestido de vento para dançar sobre o mar
Quero a música dos gestos suaves com perfume de sorrisos para dormir sobre as nuvens
Quero o eco do silêncio no grito duma gaivota para me indicar o caminho
Quero a luz da terra fértil no alto duma montanha para acabar de nascer
Quero um cavalo marinho e um ramo de malmequeres para desenhar a paz
Quero mãos de arco-íris e olhos de ver por dentro para sonhar a verdade…

Quero tudo o que couber no ponto mais pequenino que se possa imaginar:
Quero pintar o mundo da cor da felicidade.

Lia C


terça-feira, novembro 01, 2005

 

...SILÊNCIO...uma tortura lembrada!


Dedicado aos "meninos testemunhas"...



Retirar-se do mundo
Do quotidiano nefasto
Acelerado, ansioso,
Pronto para o repasto...
Sem mais se aborda
O que parece que...sobra!

Sossego de alma dorida,
Amparo de dor remoída,
Silêncio ruidoso,
Ser pensante preguiçoso,
Faz esforço e consegue...
Passado, presente e o que se segue!

Passa-lhe a vida pela frente
Como se de filme se tratasse,
Toda a alegria, dor, e de contente,
À profunda tristeza, se pegasse
Pela ponta e desenrolasse,
Desapiedada era a análise
E bem diferente!

Bedina

novº2005


 





de "O Elogio do Silêncio"

de (Marc de Smedt)

(......) Voltemos à linguagem dos olhos; as expressões que neles se reflectem, divertidas, maliciosas ou tristes, vindas de todo o lado, vazias de fadiga ou ébrias de uma vontade possante, claras como a água ou sombrias como uma tempestada, quezilentas ou reconciliadoras, agitadas ou serenas: e a alma descobre-se!

Malcom Chazal, escritor admirável e muito pouco célebre, diz, na sua recolha de aforismos luminosos intitulada SENS-PLASTIQUE:

"A linguagem dos olhos é amoldura das coisas que não dizemos. O silêncio possui a limitação dos olhos. Os grandes silêncios precisam de um vasto olhar. Os silêncios dos tagarelas têm olhares que falam muito próximo. O olho do tagarela que se calou palra em redor dum eixo quebradiço, sem ruido, como se à espera que esse corpo frágil e inerte acorde, para se dissolver nele e desaparecer nos bramidos do olhar, no seio da tagarelice das palavras."

Existe também o silêncio inquieto, de um castanho escuro, silêncio atormentado e onde a espera, se imagina o pior, o horrível, o inultrapassável.

O silêncio do tédio, esse, é cinzento, nada acontece e é exactamente o problema.(......)

(7º trecho)


segunda-feira, outubro 31, 2005

 

...pálpebras cerradas procurando o silêncio...





...eco...do meu silêncio...


enquanto te guardo o sono

cerro as pálpebras
com cuidado
e procuro na escuridão
o eco do que já fomos
a luz de todos os sonhos
o encanto dos possíveis
a magia do que poderia ser
se agora não fosse assim

julgo então que descanso

mas os olhos
esses
continuam abertos.


Lia C
 

...olhar...o SILÊNCIO...nos olhos...





De "O elogio do silêncio"
(de Marc Smedt)

(......) Cada dia que passa tem os seus marcantes: ontem à noite disse a Marie uma frase que a aborreceu. Ela não respondeu. No silêncio que se instala entre nós, ambos lado a lado na cama, sinto uma onda vermelha chegar até mim, vibração de cólera que esmaga o espaço que nos separa. É invisível, inaudível, inodora, mas está lá. Incrivelmente presente. Em resposta eu acaricio-a, digo-lhe palavras doces, finjo que disse aquilo por dizer, era uma piada, que estúpido que eu sou. Ela nada diz, eu sinto-a sorrir no escuro, a onda agressiva acalma-se, transforma-se em ternura. Sempre silenciosa. (......)


(sexto trecho)

domingo, outubro 30, 2005

 

...SILÊNCIO: ...a palavra ao POETA...


ESTIO

A poesia corrompe os dedos que escrevem. Caem

dos braços, como frutos podres, e infectam a terra

branca do amanhecer. Leio o verso interrompido

pela doença.

Reconstituo o final do poema,

a evocação do corpo com febre; e abraço

a mulher pálida que o poema oculta. "Amo-te", digo-

-lhe. Ela despe-se na obscuridade da memória, deixando

atrás de si uma sombra de antigos lençóis. A luz

do meio-dia, ouço, apagou essa imagem; e revela

o vermelho dos lábios de onde escorre

o riso límpido do amor.

- Tarde em que as janelas batem; e um

vento interrrompe a conversa dos amantes; e

o mar se despede de agosto com as marés

vivas que o hábito ignora.

Nuno Júdice


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