terça-feira, outubro 18, 2005
DESPERDÍCIO
Há uma palavra perdida em qualquer sítio:
talvez na casa ao lado, talvez no patamar
por onde se passou a caminha da rua. O cão
de manhã, farejou por ali - como se
a procurasse; e alguém a terá pisado, sem
saber que as palavras também podem cair
ao chão. "Amor", ou "nada", ou apenas
"amanhã": uma palavra igual a uma destas
sem mais nem menos sentido, como se
uma palavra não custasse, por vezes,
a dizer; ou como se as palavras se
pudessem deitar assim, da boca para o chão.
Nuno Júdice
talvez na casa ao lado, talvez no patamar
por onde se passou a caminha da rua. O cão
de manhã, farejou por ali - como se
a procurasse; e alguém a terá pisado, sem
saber que as palavras também podem cair
ao chão. "Amor", ou "nada", ou apenas
"amanhã": uma palavra igual a uma destas
sem mais nem menos sentido, como se
uma palavra não custasse, por vezes,
a dizer; ou como se as palavras se
pudessem deitar assim, da boca para o chão.
Nuno Júdice