quinta-feira, outubro 20, 2005
...outro CAOS...em silêncio...
CAOS
Cruzados ao meio, entre a ave e a serpente,
os dois céus tocam-se: o primeiro, escuro
e frio, estende-se em arco para o ocidente
onde a noite o detém como um sinistro muro;
o segundo, brando e luminoso, vai subindo
como um caule de oriente para o céu estranho
da manhã – águas em círculos de moinho fluindo
para as obscuras nuvens juntas em rebanho;
e ambos, fixos numa antiquíssima extremidade, ardem
neste contacto frágil que os reúne
na ânsia remota de uma serena eternidade:
para logo se dividirem, opostos e contrários.
Nessa vaga fronteira o braço divino os pune
no íntimo sofrimento de êxtases solitários.
Nuno Júdice
Cruzados ao meio, entre a ave e a serpente,
os dois céus tocam-se: o primeiro, escuro
e frio, estende-se em arco para o ocidente
onde a noite o detém como um sinistro muro;
o segundo, brando e luminoso, vai subindo
como um caule de oriente para o céu estranho
da manhã – águas em círculos de moinho fluindo
para as obscuras nuvens juntas em rebanho;
e ambos, fixos numa antiquíssima extremidade, ardem
neste contacto frágil que os reúne
na ânsia remota de uma serena eternidade:
para logo se dividirem, opostos e contrários.
Nessa vaga fronteira o braço divino os pune
no íntimo sofrimento de êxtases solitários.
Nuno Júdice