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segunda-feira, outubro 17, 2005

 

...POEMA...




Na tua casa, como se
a noite se fizesse das coisas
com que se faz o amor,
pus as mãos sobre a tua sombra,
troquei o desejo pelo canto
mais escuro do corredor, e
ouvi bater o coração
da treva. Depois,
quando a luz se acendeu,
desenhei os teus olhos
com uma linha de
cansaço: olheiras brancas
sobre o fundo negro
da janela. No vidro,
o braço desfeito reflectia
a direcção polar; e
uma nuvem, cobrindo a lua,
tapava-te os ombros
numa obscuridade
de hera.


NUNO JÚDICE
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