segunda-feira, outubro 24, 2005
...SILÊNCIO...e...comunicação...
De o “Elogio do SILÊNCIO”
(de Marc de Smedt)
“””(……) os silêncios “interactivos”, que são pausas numa conversa, numa discussão, num debate: “Parece que os silêncios interactivos entre indivíduos são muito diversificados.
Eles dependem intrinsecamente da natureza do processo de troca de mensagem e, mais particularmente, das situações e circunstâncias em que se desenrola a comunicação.
Durante estes silêncios interactivos, têm lugar uma grande número de decisões que têm a ver com a afectividade e o reconhecimento, assim como as deduções e os julgamentos.
Os silêncios interactivos parecem ser, portanto, os mais favoráveis às relações entre as pessoas.
(……) A outra face do direito à palavra é o direito ao silêncio, direito esse que os acusados não se coíbem de utilizar. Mais vale manter o silêncio do que mais tarde arrepender-se do que se diz. O silêncio é de qualquer maneira entendido pela justiça mais como dissimulação ou desprezo do que como revolta contra a iniquidade da sociedade.
Nas trocas sociais, o silêncio tanto pode ser ponto de observação como local de refúgio estratégico.
O controlo do silêncio, a sua penhora, permite “escolher a ordem de prioridade de qualquer acção” (Kahn).
Os mutismos podem ser odiosos, carregados de uma potencial violência fantástica.
Mas é a sua “ambiguidade que mais faz com que o silêncio seja temido, visto que ele põe sempre em questão a relação interpessoal.
É lógico que o silêncio, se serve de protecção nos jogos de poder, também pode proteger os desgostos, o sentimento de culpa, a decepção, a vergonha, a fraqueza, a felicidade, a surpresa, todos os estados emocionais mais ou menos intensos que habitam em nós, todas as nossas reacções reprimidas, todas as nossas fantasias e delírios mais secretos.
O silêncio é o interior da fachada, o reverso da máscara, a face oculta da pessoa. O trampolim da palavra.(……)”””
(quarto trecho)