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sexta-feira, novembro 04, 2005

 

...a CULTURA do SILÊNCIO...





De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smedt)


(......) O meu mestre zen, Taisen Deshimaru, que já passou por muito, costumava dizer no seu "zenglish", jargão de inglês misturado de francês: "Bad becomes good, good becames bad, é a vida", "O mau transforma-se em bom e o bom em mau"; é verdade que cada situação pode ser mudada a qualquer instante, visto que ela traz em si a sua degradação e as suas possibilidades de mutuções criativas;
tudo coexiste com o seu contrário, alegria e dor, cansaço e repouso, ausência e presença, ser e não-ser, basta continuar a avançar usando tempestades e as bonanças que vamos encontrando pelo caminho

Algumas civilizações desenvolveram de maneira profunda esta cultura do silêncio: das sociedades mais primitivas às mais evoluídas, dos Igbos da Nigéria aos Japoneses, o silêncio é um acto de eloquência.

Para um Árabe o facto de estar em silêncio dentro dum grupo nada tem de chocante: isso faz parte da sociabilidade, o silêncio é sentido como uma prazer sereno.

Os Ocidentais, por seu lado, são muitas vezes incomodados pelos longos silêncios dos Japoneses, desorientam-se, enraivecem-se, interrogam-se porque é que eles não falam: posso dizer, no entanto, que se eles soubessem viver na calma deste silêncio, os seus assuntos avançaria mais rápidamente; pois os seus protagonistas ponderam-nos, avaliam-nos e tentam perceber intuitivamente o que se encontra por trás das palavras.


Krlfired Graf Durkheim, provavelmente o filósofo ocidental que melhor percebeu o espírito oriental na sua essência, escreveu que

"o Oriente ainda entende o silêncio como uma força poderosa, agitadora das profundezas, que sabe distinguir, desenvolver e proteger. É por isso que existe no Oriente uma cultura do silêncio.

Ela é, na maior parte das vezes, o centro de toda a estrutura da vida e do mundo.

Conhecer a 'cultura do silêncio' é também possuir a chave do próprio espírito do Japão. Ela merece ser conhecida, não apenas como a essência do espirito oriental, mas também porque nos diz respeito pessoalmente, na sua qualidade de fenómeno fundamental que toca tudo o que é humano.

No Ocidente, outras forças reprimiram-na até a um ponto que se torna perigoso para a nossa humanidade essêncial. Ao contemplar-se no espelho do Oriente, o ocidental pode tornar-se mais consciente de si próprio, das suas potencialidades e perigos. Ele não vê só a sua singularidade, vê também os traços mais ameaçadores da sua natureza, onde toda a decadência diz respeito à sua humanidade total, aquilo que alimenta toda a particularidade pessoal".


No Ocidente temos de aprender a utilizar e a domar a riqueza dos nossos espaços de solêncio, no seio da própria linguagem e da vida quotidiana;


isto pode ser uma porta de saída de muitas doenças psicossomáticas e socioculturais.(......)


(8º trecho)
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