terça-feira, novembro 01, 2005
de "O Elogio do Silêncio"de (Marc de Smedt)
(......) Voltemos à linguagem dos olhos; as expressões que neles se reflectem, divertidas, maliciosas ou tristes, vindas de todo o lado, vazias de fadiga ou ébrias de uma vontade possante, claras como a água ou sombrias como uma tempestada, quezilentas ou reconciliadoras, agitadas ou serenas: e a alma descobre-se!
Malcom Chazal, escritor admirável e muito pouco célebre, diz, na sua recolha de aforismos luminosos intitulada SENS-PLASTIQUE:
"A linguagem dos olhos é amoldura das coisas que não dizemos. O silêncio possui a limitação dos olhos. Os grandes silêncios precisam de um vasto olhar. Os silêncios dos tagarelas têm olhares que falam muito próximo. O olho do tagarela que se calou palra em redor dum eixo quebradiço, sem ruido, como se à espera que esse corpo frágil e inerte acorde, para se dissolver nele e desaparecer nos bramidos do olhar, no seio da tagarelice das palavras."
Existe também o silêncio inquieto, de um castanho escuro, silêncio atormentado e onde a espera, se imagina o pior, o horrível, o inultrapassável.
O silêncio do tédio, esse, é cinzento, nada acontece e é exactamente o problema.(......)
(7º trecho)