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sexta-feira, novembro 18, 2005

 

...música...com silêncio...




De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smdt)

(10º trecho)




(....) Raramente um músico fascina as pessoas se não possuir esta espécie de força interior. É portanto isto que constitui o interesse de uma tradição: somos iniciados numa certa forma de espiritualidade pela música. As duas coisas andam juntas.

Por outro lado, a própria forma da música faz com que essa música seja capaz ou não de transmitir um certo poder.


Se alguém trabalha bases musicais que de nenhuma maneira correspondam às leis da natureza, como muitas vezes vemos no Ocidente, hoje em dia, a sua espiritualidade não se pode exprimir tão bem como a de Bach, por exemplo.

É preciso distinguir, de um lado, qualquer coisa a que podemos chamar intenção, ou motivação, e de outro, os meios utilizados.


(.....) Cada cultura tem os seus instrumentos privilegiados. Mas um músico que transporte um poder espiritual, um mestre, pode obter um efeito com praticamente todos os instrumentos. No entanto, os instrumentos privilegiados por cada cultura não o são por acaso.

Outro caso em que o silêncio fabrica e carrega a emissão de sons é o da grande pianista Brigitte Engerer que, entrevistada para um número da revista QUESTIONS dedicada à música e ao espírito, nos diz que no trabalho do intérprete existem três fases:

-A primeira, acontece quando lemos um texto e temos a impressão de ter uma intuição imediata, directa, quando sentimos o que se passa.

- Na segunda fase, o trabalho começa e nós apercebemo-nos de que nada sabemos, de que toda aquela intuição desapareceu. Entramos então numa espécie de nevoeiro.


- Na terceira fase, temos que ultrapassar este sentimento e construir, pouco a pouco, um diálogo lógico. Penso que o intérprete conseguirá comover o público assim que consiga exprimir qualquer coisa de lógico de transparente. A música não é abstracta; ela pode ser tão lógica e tão palpável como um olhar ou o calor ou o frio de uma mão.

(....) a concentração no som, na beleza do som; aprender a escutar-se dominando as emoçoes, com vista a conseguir criar exactamente o som que se deseja. Isto depende de alguns gramas a mais ou menos no toque, da extensão do som do próprio instrumento, etc.,. Conseguir também encontrar a expressão da voz humana, a expressão da natureza humana e que nós tentamos imitar, com poucos resultados, ir tentando construir um ideal da Natureza.

Estas palavras provam a absoluta osmose das diversas formas de silêncio, de música, de audição.


(....) Debussy, ao compôr "Peleias e Melisande", escrevia a seu amigo Ernest Chausson; "Estou a usar uma coisa que me parece bastante rara, que é o silêncio como agente de expressão, e que é talvez a única maneira de fazer valer as frases"

Fazemos silêncio daquilo que somos.




A segunda grita e escapa-se
Da abelha envolvente e da tília vermelha
Ela é um dia de vendaval perpétuo
O dado azul da batalha, a sentinela que sorri
Quando a sua lira profere:"Aquilo que quero será"
É a hora do silâncio
De nos tornarmos a torre
Que o amanhã cobiça.


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