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quinta-feira, novembro 10, 2005

 

...música...em silêncio...








os sons e eu...


eles são como nós
sussurram, gritam, falam
e gemem também…
é uma linguagem
que se apanha tão bem!
basta entrar em sintonia!

capto rápido
um som do vento
nas árvores…
o som do vento nos
materiais duros…
o som do vento no mar
de ondas pesadas…
o som do vento na areia
como o de a pisar,
da onda que parte
com fúria no mar,

geme…a frase que ouvi
um dia…em que chovia
é ela o gemer do consolo,
da ternura imensa
que senti…
e que não quero
só para mim…
preciso, urge partilhar…
mas não me parece
ouvir dizer: desejar

…os seus ouvidos
estão longe da música…
estranho…
como se pode ter tanto,
e no entanto…
de que serviu?
não tenho informação
não tenho erudição
e gemo, choro, rio ,
entristeço, alegro-me


vibro…cada fibra do meu ser
é uma corda dum piano
de cauda (a grande…) com
ressonância quase sempre
adocicada…aveludada,
por vezes exaltada
mas aí os sons mantém-se
permanecem muito tempo...
ecoam…e eu gemo, com eles,
no meu pobre tom de nada
cada pedaço desse som…
o interroga…lhe responde
e com ele dialoga…
" Casa da Música no Porto "
quanta serenidade
como é tranquilo…
estarmos os dois sozinhos,
tu som da ternura, e eu
absorvendo-a toda em ti,
armazenando,
para ocasiões
em que não paro de me sacudir
(quase em convulsões)
com outros sentires
nada parecidos…inquietantes…

vêm então o sereno, o doce
que guardei…
sinto a onda a passar
…arrastar…limpar,
vestígios do negativo,
do feio, do doloroso,
reverso de tudo o que
é tranquilo e aprazível…
da beleza inclusive!!!
entendo… juntar os dois,
o meu gemer com o do som,
como inacreditavelmente
bom!!!



Bedina


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