segunda-feira, dezembro 26, 2005
...como foi o NATAL...ou é...
EQUÍVOCOS DE NATAL
Celebrar com alegria e vontade
O nascimento do filho de Deus
Não está ao alcance dos camafeus
Que zunem este canto de crueldade.
Os que ignoram o conhecimento
A dificuldade, sem ressentimento,
Em participar nesta festa do Além.
Para quem está preso e confinado
Ao castigo, merecido ou não, o Natal
Não é certamente por ele apreciado
E louvado da mesma maneira afinal.
Os que, por razões várias, não têm
Nem querem abrigo, o presépio
Que admiram é o que os mantém
A lutar para nada terem e sem pio.
Aqueles que não pediram, mas cuja
Saúde se vem aos poucos deteriorando,
A festa é de certeza muito mais sabuja
E incompleta dos que se vão alegrando.
Para a catraiada que nunca teve
Um presente, passado ou futuro
E que a existência é um alto muro
Íngreme no ódio que se manteve.
Para os que fabricaram estereótipos,
Esta Quadra tem um sabor especial
E contrariando o espírito de Natal
Só vêm lucros opulentos e atípicos.
Para os que usam a eterna esperança
Como bandeira ineficaz e invisível,
É uma catarse de tremenda confiança
Defendendo erradamente o previsível.
É mais fácil partilhar o vácuo
Esvaziado do que uma mesa farta
Mantendo o falseado «Status Quo»,
Trocando carinhos através duma carta.
Unem-se famílias na hipocrisia
Do ano inteiro, esbanjando gestos
Que mancham a estupenda alegria
Que vai morrendo, ficando de rastos.
Para os que se esqueceram de lutar
Colectivamente, é acto individual
De aborrecimento bem descomunal,
Ter algo, para em comum, festejar.
Ah Natal, meu recordado Natal,
Os que te inventaram não mediram
As consequências e não exigiram
Que te mantivesses sempre divinal.
Tu, que deixaste de ouvir as preces
Do Senhor e os canticos sem sentido,
Tem calma, sossega e não te apresses
Pois o Natal não anda por aí perdido.
kambuta
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