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segunda-feira, dezembro 19, 2005

 

De "O Elogio do Silencio"
(de Marc de Smedt)

(14º trecho)



(........) Existem muitas hiostórias, no Zen, que falam do silêncio. O Mestre Deshimaru dizia que do silêncio se eleva o espírito imortal, especificando: "A vida actual é ruidosa, cacofónica. O Ioga e o Zen, utilizando métodos diferentes, são caminhos de retorno ao silêncio, que é a nossa natureza mais profunda. Silenciosa, a consciência eterna mantém-se, desde antes do nosso nascimento, para além da nossa morte. Ser silêncioso: voltar à origem da natureza humana. Convocar o silêncio: a partir do silêncio, falar. A palavra torna-se profunda, o termo certo".

O conceito "I shin den shin", que significa, literalmente, "de espírito a espírito", e que o mestre Deshimaru traduzia por "da minha alma à tua alma", é a expressão zen que define a comunicação silenciosa entre dois seres.

No Ocidente, acredita-se que é preciso falar para co
municar, e por isso os silêncios que existem entre as pessoas tornam-se depressa pesados, e então dizemos qualquer coisa para disfarçarmos o embaraço sentido, para aniquilar o medo do aborrecimento: esta é uma doença do espírito, da qual falamos há muito tempo.

O receio de viver o silêncio criou uma cultura, até mesmo uma civilização, superficial, que cortou com estes momentos intensos onde nos deixamos flutuar nas vibrações do meio ambiente, numa espécie de osmose subtil que perpassa cada ser, e que em vez disso tenta antes de mais mostrar-se através de um discurso mordaz que pretende agitar as ideias, e que se torna, a maior parte das vezes, desinteressante ou banal, o que é, no mínimo, preocupante.

Existe um essencial dentro de cada um de nós que pede para falar, mas que não sabe como: antes de escutá-lo, é preciso calar.(....)



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