segunda-feira, fevereiro 06, 2006
...SILÊNCIO E MEDITAÇÃO...
De "O Elogio do Silêncio"
(de Marc de Smedt)
(15º trecho)
"(...) DESPERTARES
Plena do vazio único
Inabalavelmente ancorada no silêncio
A multiplicidade dos seres eleva-se
Enquanto contemplo as mutações.
A multiplicidade dos seres
Regressa à sua origem
É alcançar o silêncio
A calma permite encontrar o seu destino.
Reencontrar o seu destino reconcilia-nos de uma forma
inabalável.
A reconciliação inabalável conduz ao despertar.
Não conhecer o despertar
Conduz à confusão.
(LAO Tse, Tao Te King)
No espaço-tempo da meditação, estamos sempre salvos. Esta manhã levanto-me com dificuldade, a cara inchada o espírito torturado por sonhos estranhos, o corpo entropecido, quase doloroso, a angústia no ventre. A noite foi agitada, a nossa filha acordou várias vezes a chorar. Gritos que estilhaçam o sono profundo e desenraizam o corpo, embrutecido, de uma espécie de torpor. No quarto ao lado, um gesto de criança que estende os braços. Perante aqueles olhos que choram e pedem atenção, socorro, de uma só vez todaa lucidez volta, imediata.
De manahã, descubro de novo este facto evidente: alguns minutos de meditação ZAZEN são suficientes para acordar um corpo adormecido, para fazer emergir uma consciência nebulosa, marcada por uma noite demasiado curta. As imagens bruscas, difusas, que passam pelo campo da consciência, desaparecem com algumas inspirações profundas e, muito rapidamente surge o espaço vazio, aberto, onde o espírito reencontra a sua amplitude, onde o corpo se acomoda ao espaço do Universo.
Um sentimento fugitivo, mas real. Presença absoluta.
Depois, o dia baseia-se neste começo, este BERESHIT que o prepara.
Claridade que regula o TOHU-BOHU. (......)"