sábado, dezembro 30, 2006
...ESPERANÇA...
Decomposição interior...
Tenho um ser
Inteiro ou repartido?
Desdobro-o, e
Espreito, quero ver,
Quer sentir que sou ser,
Começo por perceber
Na minha frente,
Tudo escuro...
Penumbras
Cinzentas, macilentas,
Abro melhor os olhos,
E deixo assentar a poeira...
Que oculta bom e mau,
E espero...
Passado um pedaço
Volto a entrar...
E a espreitar...
Ao fundo uma leve tonalidade
Muito ténue,
Alguma claridade...
Tenho de me aproximar mais
Correndo o perigo
De me aterrar...
Na verdade tenho medo
Tenho medo
do que vou encontrar...
Páro...deixo o tempo passar
E espero...
Está na hora
Voltei...
Impulsiva que sou
Nem conta me dou
Daquilo que,
Se calhar,
Até já sei...
Deus,
Que verdade năo seja,
Que o que temo
Năo se veja, que
Eu năo veja...
Espera-me a dor
A disilusăo,
Acabou-se o que resta
Da esperança dum engano,
Mas năo, ainda palpita...
Está ali bem à vista:
O meu coração
(Tăo ensanguentado,
Tăo esfaqueado,
Tăo pobre e maltratado,
Irreconhecível...)
E fujo...e espero...
A tremer, volto
A tentar entrar...
Queria tanto concertar,
Queria tanto curar,
Aquelas feridas todas
Que já estăo a infetar...
E a que se segue a morte,
Como triste sorte!
Como posso eu tentar?
Com amor abnegado?
Posso experimentar...
Mas năo sei se resulta
Se ainda será entendido,
Estranhamente amaciado
O que está ferido,
Ou se por tanto se ver preterido,
O fará ainda mais sangrar...
Espero...quero pensar...
Tempo...ajuda-me, espero...
Porque quero...eu espero...
Tempo, eu vou esperar!
É que de repente pode voltar,
E dum todo esfrangalhado
Nascer outra vez ...
Um ser inteiro retornado,
E porque năo?...transformado!
Bedina
2004