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quinta-feira, janeiro 18, 2007

 

...paradoxo...

As janelas que se partem

não têm vidros. Atiro-lhes pedras:

e o ruído de vidros que se partem

vem do gesto que faço, e não

dos vidros que se partem

nas janelas sem vidros. Mas

se não atirar a pedra, se ficar

com a mão atrás das costas

e a pedra fechada na mão,

a janela começa a bater

como se estivesse vento,

e obriga-me a fazer o gesto

de atirar a pedra

para que os vidros se partam

na janela sem vidros.

NUNO JÚDICE

(Poesia Reunida - 1967 - 2000)

Publicações Dom Quixote


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